Ciência

Nem A, nem B, nem O: Cientistas britânicos identificam um novo grupo sanguíneo

07 • 10 • 2022 às 15:14
Atualizada em 08 • 10 • 2022 às 09:00
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Um grupo de cientistas ligados ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido confirmou a descoberta de mais um grupo sanguíneo. Chamado de “Er”, o grupo identificado é extremamente raro, composto por cinco diferentes antígenos a partir de variações de uma proteína. O feito foi publicado no periódico científico Blood e será oficializado no fim do ano, com o reconhecimento da Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue.

A descoberta foi confirmada a partir do estudo de apenas 13 amostras coletadas em 40 anos

A descoberta foi confirmada a partir do estudo de apenas 13 amostras coletadas em 40 anos

-Homem salva a vida de 2,2 milhões de bebês graças ao seu sangue raro

Apesar de a maioria conhecer somente os principais tipos sanguíneos do sistema ABO, como A, B, O e AB, o grupo Er é o 44º descrito pela ciência, e traz em comum a proteína Piezo1, encontrada na superfície dos glóbulos vermelhos. São as variações dessa proteína que determinam os cinco diferentes tipos dentro do grupo. Tais classificações são determinantes para o sucesso de transfusões e outros procedimentos médicos que exigem compatibilidade sanguínea.

Representação da proteína Piezo1, cujo as variações definem a particularidade do grupo

Representação da proteína Piezo1, cujo as variações definem a particularidade do grupo

-Cientistas revolucionam transfusões ao transformarem sangue tipo A em tipo O

É justamente a diferença entre antígenos que pode levar nosso corpo a reagir e combater um tipo de sangue incompatível, em quadro que pode levar à morte. A descoberta se deu principalmente a partir de um caso em que uma mulher grávida, que tinha um tipo raro e desconhecido de sangue, perdeu seu bebê por incompatibilidade durante a gestação.

Glóbulos vermelho e glóbulos brancos de nosso sangue vistos em microscópio

Glóbulos vermelho e glóbulos brancos de nosso sangue vistos em microscópio

-STF obriga Anvisa a revogar proibição de doação de sangue por homens gays

Para confirmar a descoberta do grupo Er, os cientistas trabalharam com amostras de apenas 13 pessoas, coletadas em mais de 40 anos, que apresentavam as variações particulares da proteína Piezo1. A maioria dos grupos sanguíneos fora do sistema ABO corresponde a casos raros, e as definições de cada sistema não são necessariamente excludentes.

Para além do sistema ABO, a nova descoberta é o 44o grupo sanguíneo já identificado

Para além do sistema ABO, a nova descoberta é o 44º grupo sanguíneo já identificado

-Cientistas explicam como sangue artificial pode salvar vidas no futuro

Segundo reportagem publicada na Wired, ainda existem amostras sanguíneas adicionais sendo estudadas que podem pertencer ao grupo Er, e que, assim, revelariam mais mutações genéticas ligadas ao tipo sanguíneo. A importância da descoberta é imensa para quem carrega tal sangue, podendo fazer toda a diferença para um diagnóstico e um procedimento corretos – e, portanto, para a saúde de um paciente.

Publicidade

© fotos 1, 3, 4: Getty Images

© foto 2: Protein Data Bank/reprodução


Canais Especiais Hypeness