Ciência

Passeios terapêuticos: Médicos prescrevem visita a museus como tratamento para saúde mental

24 • 10 • 2022 às 15:07
Atualizada em 27 • 10 • 2022 às 17:27
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Mais do que trazer conhecimento e melhorar o espírito pelo prazer em observar e absorver arte de perto, os museus podem realmente curar males de nossa saúde mental. A ciência vem cada vez mais respaldando a eficácia da arteterapia e do consumo de arte como medida terapêutica, através de pesquisas que confirmam que hormônios como endorfina e serotonina, responsáveis pelo prazer e o bem-estar, são especialmente liberados quando apreciamos obras de arte, em processo que reduz a produção de estresse e fortalece as defesas do corpo.

Já há algum tempo, vêm sendo recomendadas em todo o mundo visitas às instituições como forma de terapia: no Canadá, por exemplo, médicos e associações de saúde criaram parcerias com museus para que as receitas funcionem como bilhetes de entrada em espaços como o Museu de Belas Artes de Montreal.

Pesquisas cada vez mais comprovam os benefícios à saúde mental trazidos por visitas a museus

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De acordo com a instituição, o Museu de Belas Artes de Montreal é cenário recorrente e recomendado para arteterapia, com visitas utilizadas como parte de tratamentos contra condições como Alzheimer, epilepsia, ansiedade, depressão, problemas mentais, anorexia e até doenças cardíacas. Os médicos canadenses podem recomendar até 50 visitas ao museu como medida terapêutica, em receita que inclui familiares e cuidadores para acompanhar o paciente ao local.

O Museu de Belas Artes de Montreal é hoje referência na realização de terapias em tais instituições

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O Canadá não é, no entanto, o único lugar onde as idas aos museus são recomendadas como medicamentos: em Bruxelas, na Bélgica, por exemplo, quatro dos principais museus da cidade já aceitam as visitas prescritas como tratamento. O mesmo ocorre na Dinamarca, onde as cidades de Aalborg, Vordingborg, Nyborg e Silkeborg realizam um projeto-piloto junto às Autoridades Dinamarquesas de Saúde intitulado Kulturvitaminer, que se traduz de fato como o termo parece: “vitamina de cultura”.

Escultura do artista francês Auguste Rodin exposta no Museu de Belas Artes de Montreal

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O programa investe na criação de grupos para pessoas em tratamentos de saúde mental ou enfrentando períodos de crise para juntas consumirem cultura e arte. O Kulturvitaminer já reúne centenas de pessoas, que realizam de duas a três atividades semanais, e iniciativas semelhantes acontecem no Reino Unido, na França e na Austrália.

Algumas instituições pelo mundo já aceitas as recomendações médicas como ingressos

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Visitantes observam o quadro "Noite Estrelada", de Van Gogh, no Museu de Arte Moderna de Nova York

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© fotos 1, 3, 5: Getty Images

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