Ciência

Se você ‘fala’ com as mãos, provavelmente também ‘pensa’ com elas, diz estudo

14 • 10 • 2022 às 09:10
Atualizada em 17 • 10 • 2022 às 10:46
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A fala é uma ferramenta de comunicação que utiliza cerca de uma dúzia de músculos da laringe, as cordas vocais, língua, lábios, dentes e boca – mas não somente. Para falar, a maioria das pessoas também utiliza as mãos. O que os cientistas da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão, buscaram descobrir em pesquisa recente foi se nossos gestos afetam também nossa forma de pensar. E sim, nós também pensamos com as mãos.

O estudo buscou entender o efeito do uso das mãos na compreensão do sentido das palavras

O estudo buscou entender o efeito do uso das mãos na compreensão do sentido das palavras

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De acordo com o estudo, a conexão entre as mãos e a fala se estabelece principalmente na forma como entendemos as palavras, e é chamada de “cognição incorporada”, conectando, por exemplo, uma palavra à ação diretamente ligada a seu significado. Como a palavra “garfo” e o ato de fincar as pontas do objeto em um alimento, e levar a comida até a boca. É fundamental pensar em gestos para compreender seu sentido mais profundo e prático.

A cognição incorporada relaciona um copo com o ato de levar a bebida até a boca

A cognição incorporada relaciona um copo com o ato de levar a bebida até a boca, por exemplo

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Assim, o que a pesquisa chama de “aterramento simbólico” consiste em compreender o significado de uma palavra através da interação com o corpo e o ambiente. Para medir o efeito das mãos na forma como pensamos, os pesquisadores estimularam participantes da pesquisa com palavras referentes a objetos diversos, medindo as reações cerebrais diante das palavras, mas ora com as mãos livres, ora com as mãos presas.

A relação entre o impedimento gestual e as atividades cerebrais foi medida

A relação entre o impedimento gestual e as atividades cerebrais foi medida por infravermelho

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A medição das atividades cerebrais foi feita com espectroscopia funcional no infravermelho próximo (fNIRS), e mostrou que o lado esquerdo do cérebro teve as reações consideravelmente reduzidas com as mãos presas diante de objetos manipuláveis – como copo, colher ou vassoura. Dessa forma, concluiu-se que a cognição incorporada é parte determinante da eficácia de nosso pensamento. Ou seja, restringir as mãos afeta nossa capacidade cognitiva, afinal também pensamos com as mãos.

A pesquisa pode ser usada na melhoria das compreensões de inteligências artificiais, por exemplo

A pesquisa pode ser usada na melhoria das compreensões de inteligências artificiais, por exemplo

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© fotos: Getty Images


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