Ciência

57 mil brasileiros morrem por ano devido ao consumo de alimentos ultraprocessados

07 • 11 • 2022 às 15:58 Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e do exterior estimou o número de mortes prematuras causadas pelo consumo desmedido de alimentos ultraprocessados em nosso país.

De acordo com a pesquisa, comandada por cientistas da USP, da Fiocruz, da UNIFESP e da Universidade de Santiago do Chile, cerca de 57 mil óbitos prematuros ocorreram por esse motivo com base em dados de 2019.

Brasil tem visto aumento no consumo de alimentos ultraprocessados nos últimos anos

O estudo foi publicado na revista American Journal of Preventive Medicine. De acordo com estes dados, os ultraprocessados do mercado e das redes de fast-food matariam mais do que o câncer de pulmão, que o câncer de mama e que todos os homicídios do Brasil.

Entre os ultraprocessados, estão todos aqueles alimentos que estão muito distantes de sua forma natural por alterações industriais.

Como exemplo, podemos citar alimentos que contenham aditivos sintetizados em laboratório, como corantes, conservantes e aromatizantes,  como salgadinhos de pacote, refrigerantes, pizzas congeladas, salsichas, nuggets e outros alimentos com alto índice de transformação industrial.

Entre os riscos associados ao consumo de ultraprocessados, estão a alta ingestão de sódio, açúcares e gorduras, deficiência de nutrientes essenciais para a sobrevivência humana e o alto risco de obesidade e diabetes.

“Isso é importante porque o problema não está apenas nos nutrientes críticos. Há vários mecanismos pelos quais os ultraprocessados podem afetar a saúde: há discussões sobre mudanças na absorção dos nutrientes, além de evidências de que os ultraprocessados têm mecanismos inflamatórios e de que estão relacionados a alterações na microbiota intestinal. E há também o que chamamos de neocontaminantes, já que tanto o processo de fabricação quanto as embalagens dos ultraprocessados podem gerar ou introduzir contaminantes químicos nos alimentos”, aponta Eduardo Nilson, pesquisador do Nupens (Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde) da USP e um dos autores do trabalho, em entrevista ao UOL.

Consumo de alimentos processados e in natura são a melhor alternativa para uma vida mais saudável

Os cientistas analisaram o quanto as famílias brasileiras consumiram de alimentos ultraprocessados após pesquisa do IBGE. Então, cruzaram essas informações com um banco de dados sobre as mortes de pessoas entre 30 e 69 anos no Brasil no ano de 2019.

“As estatísticas sobre o consumo de ultraprocessados e o risco disponível na literatura científica geraram um percentual que multiplicamos pelas mortes totais, para descobrir quantas são atribuíveis ao consumo”, completou Nilson. Então, eles chegaram ao resultado final: mais pessoas morrem por conta de uma alimentação carente de qualidade do que por armas de fogo ou pelos tipos mais comuns de câncer.

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