Ciência

Bebês do ‘lockdown’: Mais lentos para se comunicar, mais rápidos para engatinhar, diz estudo

04 • 11 • 2022 às 13:12
Atualizada em 06 • 11 • 2022 às 09:48
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Para além dos efeitos diretos impostos pela própria covid-19, os muitos impactos causados pela pandemia serão sentidos e percebidos ainda por muitos anos – e já começam a aparecer até mesmo nos bem pequenos. Segundo estudo realizado por pesquisadores da Royal College of Surgeons, na Irlanda, os bebês nascidos durante o primeiro período de quarentena alcançaram menos marcos de desenvolvimento e comunicação ao atingirem 1 ano de idade, mas demonstraram capacidade mais rápida para engatinhar.

O estudo comparou o desenvolvimento dos bebês com outros nascidos entre 2008 e 2011

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O estudo trabalhou com 309 bebês nascidos entre março e maio de 2020, e avaliou a capacidade de engatinhar, pegar objetos pequenos usando o polegar e o indicador, expressar palavras definidas e com significado, entre outros marcos, após completarem 1 ano. As respostas foram coletadas pelos pais, e comparadas com estudo anterior, que avaliou as mesmas medidas em bebês irlandeses nascidos entre 2008 e 2011: as diferenças só foram percebidas na avaliação da comunicação e da capacidade de engatinhar.

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A explicação para tal diferença parece mesmo estar nas imposições trazidas pela pandemia: as famílias que participaram do estudo tiveram, durante os seis primeiros meses de lockdown, em contato com uma média de somente quatro pessoas de fora da unidade familiar, com 25% das crianças tendo completado 1 ano sem conhecer outra criança de sua idade. Essa interação reduzida pode ter impacto na velocidade do desenvolvimento da comunicação dos bebês.

Os bebês da quarentena que se comunicaram tardiamente começaram a engatinhar antes

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Por outro lado, o fato de esses mesmos bebês provavelmente terem passado mais tempo no chão do que em carrinhos e automóveis pode ter levado ao desenvolvimento mais veloz da capacidade de engatinhar. De acordo com o estudo, apesar dos resultados, não há maiores motivos para preocupação dos pais, que podem contornar as questões de comunicação com medidas simples, como leituras e conversas regulares.

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“O isolamento social causado pela pandemia pode ter impactado nas habilidades de comunicação em bebês nascidos durante a pandemia, comparados com grupos históricos”, diz o estudo. “Bebês são resilientes e curiosos por natureza, e a expectativa é que, com o retorno das experiências sociais e a ampliação dos círculos sociais, suas capacidades de comunicação e sociabilidade se aprimorem”, diz o texto, publicado recentemente na revista científica Archives of Disease in Childhood.

A menor interação com outras pessoas e outras crianças explica a comunicação tardia dos bebês

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