Ciência

Bellini: Entenda como o capitão da Copa de 58 pode revolucionar o futebol de agora

09 • 11 • 2022 às 15:44
Atualizada em 27 • 11 • 2022 às 09:54
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O nome do zagueiro Bellini já está inscrito para sempre na história do futebol como o primeiro capitão a levantar um troféu da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira, com o título na Suécia, em 1958. Agora Bellini poderá revolucionar o futebol mais uma vez, mas não pelos seus pés.

Após seu falecimento em 2014, o ex-jogador do Vasco da Gama teve o cérebro doado para estudos a respeito de doenças neurológicas, e os resultados podem transformar as medidas de segurança para melhor proteger os atletas.

Hilderaldo Luís Bellini foi o 9º zagueiro com mais jogos pela seleção, com 51 partidas

Hilderaldo Luís Bellini foi o 9º zagueiro com mais jogos pela seleção, com 51 partidas

-Futebol precisa debater incidência de doenças degenerativas no cérebro

Diagnosticado com o Doença de Alzheimer, Bellini teve a causa de sua morte apontada como sendo a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC). Popularmente conhecida como “demência do pugilista”, a doença é causada por impactos repetidos contra a cabeça, como socos e, no caso dos jogadores de futebol, cabeçadas na bola, e não tem cura. As avaliações feitas no cérebro de Bellini foram publicadas em 2016 pela National Library of Medicine, em estudo liderado pelo professor-doutor Ricardo Nitrini, da USP.

O icônico gesto criado por Bellini após a conquista da primeira copa pelo Brasil, em 1958

O icônico gesto feito por Bellini após a conquista da primeira Copa pelo Brasil, em 1958

-Carlos Henrique Kaiser: o craque de futebol que nunca jogou futebol

“Como ETC só ocorre em indivíduos com histórico de injúria cerebral repetitiva, isso indica claramente que cabeçadas são um risco para ETC”, afirmou a pesquisadora Lea Tenenholz Grinberg, autora principal dos estudos sobre o cérebro de Bellini, em reportagem do UOL. A preocupação com o impacto sobre os órgãos dos atletas levou recentemente o International Football Association Board (IFAB), responsável pelas regras do futebol, a proibir que os jogadores de base, com menos de 12 anos, cabeceiem a bola.

Djalma Santos ao lado de Bellini (dir.), com a Taça Jules Rimet celebrando os 50 anos do Mundial

Djalma Santos ao lado de Bellini (dir.), com a Taça Jules Rimet celebrando os 50 anos do Mundial

A famosa estátua em homenagem a Bellini diante do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro

A famosa estátua em homenagem a Bellini diante do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro

-Tony Bennett está com Alzheimer e encontra na música oásis contra doença

 “Esse risco é particularmente pior em crianças que praticam cabeçadas, por isso acho ótima a decisão”, comentou Grinberg, a respeito da proposta de mudança que teve o estudo sobre o cérebro de Bellini como uma das bases. A determinação já ganhou adesão da Federação Inglesa de Futebol, e a CBF avalia também proibir o meneio de cabeça pelos jogadores infantis.

Falecido aos 83 anos em 20 de março de 2014, Bellini na Copa do Mundo de 1958 criou o emblemático gesto do capitão da seleção campeã de levantar a taça acima da cabeça para comemorar a conquista.

Selo de 1970, celebrando o título de 1958, com a imagem de Bellini levantando a taça

Selo de 1970, celebrando o título de 1958, com a imagem de Bellini levantando a taça

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© fotos 1, 3, 4, 5: Wikimedia Commons

© foto 2: CBF/Divulgação via Agência Brasil


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