Brasil pode ter neve e temperaturas negativas em plena primavera. É normal?

Yuri Ferreira  • Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Hoje, os termômetros de São Joaquim (SC) registraram 2º C e teve chuva congelada na cidade catarinense. E os modelos de previsão do tempo apontam que as temperaturas podem baixar ainda mais nas regiões entre a Serra Gaúcha e o sul paranaense.

A frente fria em pleno novembro tem assustado os cidadãos do Sul do país e impressionam. Há risco de neve e temperaturas negativas no meio da primavera. Será que há algo de muito grave acontecendo com o nosso planeta? É possível, em condições normais, que faça tanto frio quando estamos tão próximos do verão?

Ondas de frio são usualmente registradas em junho, julho e agosto; apesar de já ter ocorrido frio nesta época do ano, situação é rara

Então, vamos lá: no dia 5 de novembro de 1992, os termômetros registraram – 1,5ºC em São Joaquim. Portanto, já houve outros dias com temperaturas baixas no passado. Contudo, nunca havia nevado neste mês. A única ocorrência do tipo nos últimos três meses do ano foi registrada em outubro de 1946.

O que concluímos? Não. Não é normal. Mas o que pode estar por trás da intensidade desta frente fria? De acordo com os especialistas, é a intensificação do fenômeno La Niña. Desde 2020, as águas da faixa equatorial do Oceano Pacífico se resfriaram bruscamente, o que causa uma intensificação de fenômenos climáticos ao redor de todo o planeta.

Fenômeno La Niña altera o trânsito das massas de ar ao redor do planeta

O La Niña costuma aumentar os períodos de estiagem e provocar ondas de chuva e frio mais intensas do que o normal. Recentemente, tivemos como exemplo as graves chuvas que assolaram a Bahia entre o fim de 2021 e o início deste ano. Depois, as ondas de frio que derrubaram as temperaturas no Sul e no Sudeste confirmaram a tendência.

O La Niña já intensifica fenômenos climáticos que estão sendo alterados por conta do aquecimento global e do efeito estufa. Não é normal nevar e registrar temperaturas negativas nas proximidades do verão. Além disso, a produção de milho e soja – comuns no Sul do país – devem sofrer o impacto dessas mudanças climáticas.

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