Bruce Lee pode ter morrido por beber água em excesso, diz novo estudo

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Um dos mais icônicos artistas do século 20, o ator, diretor, autor e lutador Bruce Lee faleceu em 20 de julho de 1973. Sua morte foi confirmada por necrópsia como tendo sido causada por um edema cerebral e, à época, afirmou-se que o quadro teria ocorrido como reação a componentes de um analgésico. Tal conclusão, porém, foi sempre motivo de controvérsia. Passados quase 50 anos, um novo estudo publicado recentemente na revista Clinical Kidney Journal sugere que o edema pode ter sido provocado por outro motivo ainda mais surpreendente: o excesso de água consumida pelo artista.

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O estudo sugere que o edema seria em verdade fruto de uma hiponatremia, disfunção que ocorre quando o corpo retém água em excesso, colocando o sódio em nível perigosamente baixo. Assim, os rins de Bruce Lee teriam se tornado incapazes de excretar a quantidade de água ingerida pelo ator e, somados a outros fatores como a dieta do artista à época, centrada em muitos sucos e bebidas proteicas, bem como, segundo o texto, o uso de maconha que aumenta a sede do corpo, provocado o edema.

O artista em cena do filme “Jogo da Morte”, que estava filmando e não concluiu

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“Em resumo, Lee tinha múltiplos fatores de risco que predispunham à hiponatremia resultante da interferência nos mecanismos de homeostase da água que regulam tanto a ingestão quanto a excreção de água”, aponta o artigo, que detalha os possíveis fatores e as diversas especulações sobre a morte do artista. “Nossa hipótese é que Bruce Lee morreu de uma forma específica de disfunção renal: a incapacidade de excretar água suficiente para manter a homeostase da água”, diz a pesquisa.

‘Seja água’

Considerado o mais influente artista marcial de todos os tempos, antes de se tornar famoso em todo o mundo com filmes como O Voo do Dragão, de 1972, Operação Dragão, de 1973, e A Fúria do Dragão, de 1974, Bruce Lee estudou artes dramáticas, filosofia e psicologia na Universidade de Washington – além de Kung Fu e de Jeet Kune Do, luta que ele próprio criou. Ironicamente, uma das citações mais famosas de Lee, explicando sua filosofia, fala justamente sobre como as pessoas devem se tornar como a água.

Lee se tornou um símbolo de renovação na forma como orientais são retratados no cinema

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“Esvazie sua mente. Seja sem forma, sem contorno, como a água. Coloque água num copo, ela se torna o copo. Você coloca a água numa garrafa, ela se torna a garrafa. Coloca em uma chaleira, ela se torna a chaleira. A água pode fluir e pode colidir: seja água, meu amigo”, ele diz, no famoso vídeo.

“O fato de que somos 60% água não nos protege das consequências potencialmente letais de se beber água em quantidade e velocidade maiores que a capacidade de excreção de nossos rins”, conclui o estudo, que se baseou nas informações existentes sobre os hábitos e a morte de Lee.

Estátua em homenagem ao artista, lutador e poeta em Hong Kong, onde Lee cresceu