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Camaleoa, política, parceira: Conheça 5 curiosidades sobre a vida e a carreira de Gal Costa

09 • 11 • 2022 às 16:30
Atualizada em 09 • 11 • 2022 às 18:06
Carol Monteiro
Carol Monteiro   Redatora Carol Monteiro é jornalista formada pela ECA/USP e mestranda em Mídia, Cultura e Produção de Sentido pelo PPGCOM/UFF. Como comunicadora institucional e digital, já atuou na iniciativa privada, pública e no terceiro setor. Adora temas ligados à cultura, à tecnologia e aos direitos humanos.

Para celebrar o legado da cantora Gal Costa, que nos deixou esta manhã, selecionamos algumas curiosidades sobre sua trajetória pinçadas com a colaboração de Renato Contente, jornalista e autor de “Não se assuste, pessoa!” (Editora Letra e Voz, 2021, 144 páginas), livro que reconstrói as narrativas artísticas e políticas de Gal Costa e Elis Regina durante o período da Ditadura Militar no Brasil (1964 – 1985).

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Renato Contente e Gal Costa | Foto Reprodução Instagram

Renato Contente e Gal Costa em 2015

A obra é resultado de um trabalho de mestrado de Contente na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em disciplina que contextualizava a MPB no período de repressão instaurado no Brasil. O projeto contou com mais de cinco anos de pesquisas.

Confira alguns desses fatos curiosos sobre a artista, que vai deixar muita saudade.

1. Sempre na vanguarda

“Fa-tal: Gal a todo vapor” (1971) foi o primeiro disco duplo do Brasil, o segundo foi “Clube da Esquina” (1972).

2. Camaleoa Gal

Gal Costa é das mais versáteis cantoras da música brasileira. “Ela começou na bossa nova, depois mudou totalmente para o Tropicalismo, depois ela mudou para o ‘Desbunde’ e, então, virou uma cantora mais chique com ‘Gal Tropical’. Ela tinha versatilidade para inovar no palco e não tinha medo de nada.” Vale lembrar também que ela gravou com Marília Mendonça o sucesso “Cuidando de longe” (2018).

3. Sem rivalidade

Gal sempre foi muito tranquila em relação a isso. No especial da Globo “Grandes Nomes” (1981), por exemplo, cada artista convidado podia escolher outro com quem dividir o palco. Ela indicou Elis Regina, na época a voz mais famosa do Brasil, para colocar fim às especulações de que elas rivalizavam. Assista aqui ao vídeo delas dividindo o palco. Logo no ano seguinte, o Brasil perderia Elis.

“Elas cantaram três canções em dueto e Elis ganhou um número solo no programa. Pela primeira e única vez, elas exploraram a afinidade musical que tinham. Naquele momento, estavam em uma espécie de interseção artística – Gal no auge de sua fase festiva e Elis abraçando uma musicalidade pop depois de uma série de projetos engajados”, contou Contente em entrevista ao site O Grito, na época do lançamento do livro.

4. Faro apurado

Gal tinha um grande faro para identificar novos compositores. Luís Melodia e Jards Macalé foram alguns deles. Além disso, ela era a primeira grande voz de Caetano Veloso e foi importante para legitimar a entrada de Roberto Carlos e Erasmo Carlos na cena da MPB. Ela quem cantou “Sua estupidez” em “Fa-tal” (1971) e “Eu sou terrível” no disco “Legal” (1981). No álbum “Nenhuma Dor” (2021), ela convidou vozes masculinas contemporâneas, como Tim Bernardes (O Terno), Rodrigo Amarante e Silva para gravar com ela.

Gal Costa

5. Posicionamento político

Gal se posicionou politicamente em momentos decisivos para os rumos do País. No período da Ditadura Militar, ela produziu os discos e shows de “Legal” (1970), “Fa-tal” (1971), “Índia”, todos com canções consideradas transgressoras para a época. Em 1989 participou ativamente da campanha de Lula. Neste ano, declarou novamente seu voto para o candidato petista contra Bolsonaro repetidas vezes, tanto pelas redes sociais como em shows pelo Brasil.

Para Contente, ela segue como “uma grande bússula da cultura brasileira” pois “expressava isso nos discos, nos espetáculos, em como ela estava atualizada e antenada com o quê acontecia no Brasil e nas cenas culturais”. Segundo ele, “para as novas gerações, escutar os discos de Gal é como ler um livro imaginário sobre a história da música brasileira”.

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Foto 1: Renato Contente/Arquivo Pessoal

Fotos: Getty Images


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