Inovação

Cientistas transformam resíduos de papel em matéria-prima para fabricação de baterias de lítio

28 • 11 • 2022 às 07:32 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Pesquisadores da Nanyang Technological University, universidade de tecnologia em Singapura, conseguiram reciclar papel e transformar o que se tornaria lixo em material essencial para o desenvolvimento de baterias de lítio. Através de um processo chamado carbonização, que torna pedaços de papel em carbono puro, os cientistas transformaram as fibras em eletrodos, utilizados na tecnologia de baterias recarregáveis, como de telefones celulares e computadores.

O professor Lai Changquan com o assistente Lim Guo Yao e os ânodos de carbono desenvolvidos

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“Como a carbonização ocorre na ausência de oxigênio, esse sistema emite quantidades insignificantes de dióxido de carbono. Isso ajuda a reduzir drasticamente a produção de gases de efeito estufa”, explicou Lai Changquan, professor de Engenharia Mecânica da universidade e principal autor do estudo. O processo aproveita também o vapor da água e os óleos utilizados para a produção de biocombustíveis, o que pode o confirmar como uma solução especialmente ecológica para o reaproveitamento.

A inovação poderá trazer finalidade importante e sustentável para o papel desperdiçado

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De acordo com divulgação, os ânodos de carbono, elementos fundamentais para o funcionamento das baterias de íons e lítio, produzidos pelo processo são flexíveis e de boa duração, com propriedades eletroquímicas superiores aos ânodos fabricados atualmente. Em testes, foi comprovada a capacidade dos componentes de serem carregados e descarregados mais de 1.200 vezes, apresentando uma durabilidade superior aos dispositivos equivalentes fabricados em processos tradicionais e utilizados nas baterias atuais.

Detalhe dos ânodos de carbono criados a partir do reaproveitamento de papel

Detalhe dos ânodos de carbono criados a partir do reaproveitamento de papel

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“Outra vantagem desses novos ânodos de carbono é que eles também podem suportar mais estresse físico do que as células de energia convencionais, absorvendo aproximadamente cinco vezes mais eletricidade em comparação com outras baterias de lítio”, afirmou Changquan. O método de utilização do papel como matéria-prima também exige menos metais pesados, e pode reduzir consideravelmente o custo total da fabricação de uma bateria, bem como diminuir a necessidade do uso de combustíveis fósseis.

Lai Changquan é professor de engenharia mecânica da universidade e principal autor do estudo

Lai Changquan é professor de engenharia mecânica da universidade e principal autor do estudo

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“Nosso sistema converte um material comum e onipresente, como o papel, em outro extremamente durável”, complementou o professor e pesquisador. “Acho que isso pode abrir um novo caminho e motivar outros pesquisadores a encontrar soluções para a transformação de outros substratos à base de celulose, como têxteis e materiais de embalagem, descartados em grandes quantidades no mundo todo”, concluiu Changquan.

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© fotos 1, 3, 4: Nanyang Technological University

© foto 2: Getty Images


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