Derretimento das geleiras poderá liberar milhares de micróbios e bactérias

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O degelo de glaciares localizados no Hemisfério Norte do planeta pode causar uma tragédia de proporções muito maiores que os já imensos dilemas ambientais previstos: de acordo com pesquisadores da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, o derretimento das geleiras pode liberar milhares de toneladas de micróbios e bactérias capazes de contaminar rios e lagos e, assim, animais e seres humanos. Segundo a equipe, o processo poderá ocorrer em intensidade e escala sem precedentes ao longo dos próximos 80 anos, podendo afetar mais de 200 mil bacias hidrográficas.

Geleira derretendo na Groenlândia: a água da região foi uma das analisadas pela pesquisa galesa

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Cientistas galeses analisaram amostras de água de degelo de oito glaciares na América do Norte, Europa e Groenlândia, e concluíram que o processo de derretimento causado pelo aquecimento global poderá, além de aumentar o nível do mar, liberar mais de 100 mil toneladas de micróbios e bactérias, agentes patogênicos que se mantiveram congelados ao longo de milhares de anos. Segundo comunicado, a quantidade é comparável à reunião de todas as células de todos os corpos humanos na Terra.

A equipe coletou material de oito grandes geleiras ao norte do planeta

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De acordo com o microbiologista Arwyn Edwards, o estudo é o primeiro a confirmar a “vasta escala de microrganismos que vivem na superfície ou no interior dos blocos de gelo”, que vêm derretendo em ritmo alarmante. “O número de micróbios liberados depende da rapidez com que as geleiras derretem e, consequentemente, da forma como continuamos a contribuir para o aquecimento global”, disse o pesquisador, em reportagem da BBC, lembrando que, apesar do risco ainda ser pequeno, o impacto pode ser geral.

O processo de liberação dos micróbios poderá se agravar ao longo dos próximos 80 anos

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“Existem 200 mil bacias hidrográficas alimentadas por água proveniente de degelo, e algumas são ambientes sensíveis, pouco desenvolvidos em termos de carbono orgânico e nutrientes”, disse Edwards. “Em outras há muita atividade econômica, com milhões de seres humanos cuja subsistência depende da água proveniente dessas geleiras.” Mais do que somente feitas de água congelada, as geleiras possuem seus próprios ecossistemas e, entre os milhares de microrganismos encontrados, alguns podem ser prejudiciais aos seres humanos.

A pesquisa sugere ser possível a liberação de centenas de milhares de toneladas de microrganismos