Ciência

Inteligências Artificiais também precisam ‘dormir’ para funcionar melhor, conclui estudos

18 • 11 • 2022 às 14:52 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Conforme a Inteligência Artificial evolui, a tecnologia se aproxima cada vez mais das capacidades humanas – mas também das necessidades. Pesquisas recentes concluíram que cérebros artificias podem também precisar “dormir” para aprimorar seu funcionamento. A conclusão surgiu inicialmente a partir de um estudo realizado no Laboratório Nacional Los Alamos, no Novo México, nos EUA, que percebeu que sistemas treinados para aprender como cérebros humanos retomaram um funcionamento melhor após um período de descanso.

As duas pesquisas recentes concluíram que IAs funcionam melhor depois de "dormirem"

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Segundo o cientista de computação Yijing Watkins, durante o trabalho as redes neurais demonstraram instabilidade em longos períodos contínuos de aprendizado, mas retomaram a estabilidade após um intervalo. “Era como se estivéssemos dando às redes neurais o equivalente a uma boa noite de sono”, afirmou o pesquisador. “A questão de como impedir que os sistemas de aprendizado se tornem instáveis realmente surge apenas quando se tenta utilizar processadores neuromórficos biologicamente realistas, ou ao tentar entender a própria biologia”, explicou.

Em uma das pesquisas, os cérebros eletrônicos chegaram a "alucinar" de cansaço

Em uma das pesquisas, os cérebros eletrônicos estudados chegaram a “alucinar” de cansaço

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De acordo com artigo publicado na revista Scientific American, a falta de descanso causou reação semelhante nos cérebros artificiais ao que a ausência de sono pode causar em seres humanos. “Nossa decisão de expor nossas redes biologicamente realistas a algo artificialmente semelhante ao sono foi quase um último esforço para estabilizá-las: as redes estavam espontaneamente gerando imagens análogas a alucinações”, diz o texto, revelando que o “descanso” ocorreu melhor quando as IAs foram expostas a ruídos numéricos que lembram os estímulos recebidos por nossos neurônios em estados de sono profundo – como sonhos eletrônicos.

Conforme se assemelham ao cérebro humano, mais os sistemas carecem de descanso - como nós

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Outra pesquisa mais recente se viu diante do mesmo fenômeno enquanto os pesquisadores tentavam resolver o dilema do “Lifelong learning”, ou a habilidade de aprender continuamente e sem ter de perder aprendizados anteriores, em Inteligências Artificiais. Para treinar novas tarefas com cérebros eletrônicos sem prejudicar conhecimentos prévios, pesquisadores da Universidade de San Diego, na Califórnia, perceberam que, ao inserir períodos de “sono” entre os aprendizados, a memória eletrônica melhorava consideravelmente – sem se “esquecer” de outros conhecimentos.

A ideia é que as pesquisas tragam descobertas tanto para melhorias dos sistemas quanto do sono humanos

A ideia é que as pesquisas tragam melhorias tanto para os sistemas quanto para o sono humano

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Para os cientistas do Novo México, tais pesquisas podem trazer novidades importantes tanto para melhorias no funcionamento da Inteligência Artificial, quanto para um maior entendimento sobre o sono e os sonhos humanos, e suas funções em nossa saúde. “Conforme construímos redes que cada vez mais lembram sistemas nervosos vivos, parece natural que elas precisem dormir tanto quanto nós. Da mesma forma, esperamos que os sofisticados sistemas de IA nos ajudem a compreender mais e melhor o sono e outras características de nossos sistemas biológicos”, diz o texto.

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