Criatividade

“Memeapocalipse”: A produção desenfreada de memes está chegando ao limite

14 • 11 • 2022 às 18:14
Atualizada em 17 • 11 • 2022 às 11:56
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A popularidade e profusão dos memes como fenômeno cultural contemporâneo podem estar com os dias contados – e, pelos cálculos, possivelmente são poucos os dias que restam na era dos memes atual. Tal conclusão vem sendo chamada de “memeapocalipse”, e se baseia no assustador crescimento exponencial da produção de novos memes diante dos milhões e milhões que já existem nas redes sociais, como mostra um estudo publicado recentemente na revista Nature.

Os memes do passado eram mais simples e diretos em sua comunicação e humor

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O estudo analisou a evolução de mais de 2 milhões de memes publicados na plataforma Reddit entre 2011 e 2020 e, além de avaliar a transformação de aspectos de tal produção, como complexidade, estilo e padrões, também contabilizou tal crescimento.

Intitulada “Entropia e complexidade desvenda o panorama da evolução dos memes”, em tradução livre, a pesquisa notou que o número de novas criações e modelos tende a dobrar a cada seis meses, ampliando também a complexidade do conteúdo textual e visual – estabelecendo, assim, uma bolha potencialmente tão grande que poderá explodir a qualquer momento.

Aos poucos a produção ganhou texto e detalhes, tornando-se mais complexa

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“Nossa investigação mostra que o tamanho do ecossistema dos memes está crescendo exponencialmente, dobrando em proporção aproximadamente a cada seis meses, indicando que a replicação é o processo principal atual”, diz o estudo. Cada imagem foi classificada e atribuída a um modelo através de inteligência artificial, seguindo um algoritmo baseado em densidade e complexidade de padrão.

“De forma similar ao que acontece na pintura, observamos uma tendência a estruturas visuais cada vez mais complexas, diante dos primeiros memes, que trabalhavam com imagens mais simples, como animais ou expressões humanas, em fundos planos”.

A produção dos memes, segundo a pesquisa, dobra exponencialmente a cada seis meses

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A ampliação do ecossistema e da complexidade dos memes é também fruto do próprio crescimento no consumo de tais conteúdos: de acordo com o estudo, o usuário médio gasta cerca de 30 minutos por dia com memes, e 80% das pessoas aumentou tal apreciação ao longo do último ano. Assim, o intenso crescimento de tal produção sugere que a qualidade ou o consumo desse verdadeiro fenômeno cultural poderá perder força ou se diluir em sua própria imensidão, se tornando excessivamente hermético ou simplesmente sendo superado por um novo fenômeno virtual.

O crescimento e a complexidade crescente dos memes pode levar à explosão da bolha

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© fotos: Twitter/Reprodução


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