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Se a canção popular é o coração profundo da cultura brasileira, como uma espécie de chão firme sobre o qual o país vive (e dança), uma parte grandiosa dessa história foi escrita pela pena e a genialidade de Erasmo Carlos. Não há como pensar em qualquer tributo ao artista carioca, falecido aos 81 anos, sem partir dessa verdade inequívoca: além de ser uma das pessoas mais queridas e amadas da música brasileira, Erasmo é um de nossos maiores compositores em todos os tempos.
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Seja sozinho ou ao lado de seu grande parceiro Roberto Carlos, na Jovem Guarda ou ao ganhar o Grammy latino há poucos dias, ao longo de mais de seis décadas de carreira Erasmo colocou o país inteiro para cantar – e pensar e se emocionar e compreender um pouco mais a si próprio através de sua obra, formada por mais de 600 canções. O nome do artista costuma ser ligado ao rock, mas sua importância não se restringe a rótulo ou estilo algum, e se impõe por tudo aquilo que compreendemos como “música brasileira”: a melhor música popular no mundo é feita aqui também graças a Erasmo Carlos.
Nos anos 1960, com o eterno parceiro Roberto Carlos – que compôs a canção “Amigo” para Erasmo
Erasmo compôs mais de 600 canções, e se tornou um dos maiores artistas da música brasileira
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Primando sempre pela simplicidade que só os grandes alcançam, as composições de Erasmo, tal qual acontece com as mais importantes obras do mundo – como de John Lennon e Paul McCartney, Bob Dylan, Caetano Veloso, Gilberto Gil, os Irmãos Gershwin ou Cole Porter –, as músicas assinadas por Erasmo funcionam como espelhos, nos quais o ouvinte se conhece, se reconhece, se descobre. As emoções são tão acessíveis quanto profundas na obra do Tremendão – que é celebrada aqui por uma seleção de 20 de suas melhores e mais importantes canções.
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Lançada no disco de Roberto Carlos de 1963, “Parei na Contramão” é uma canção divertida e dançante como tantas que tornariam a Jovem Guarda em mania no Brasil – mas que se faz histórica e presente nessa lista por ser a primeira parceria de Erasmo e Roberto, e o primeiro sucesso da dupla.
Canção de abertura do disco Jovem Guarda, de Roberto, em 1965, “Quero Que Vá Tudo pro Inferno” é um marco do movimento, que se tornou onipresente nas rádios nacionais, e confirmou a Jovem Guarda como um capítulo fundamental da história da juventude no Brasil – e um dos maiores sucessos da carreira de ambos os compositores.
Lançada em 1966 no disco Você Me Acende, de Erasmo, “Gatinha Manhosa” é parceria com Roberto, e foi composta inspirada numa namorada do Tremendão da época, para se tornar canção icônica do período final da Jovem Guarda. Em 1988, voltou a se tornar sucesso nacional em regravação de Léo Jaime – e novamente em 2009, ao ser imortalizada mais uma vez, agora por Adriana Calcanhoto.
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São muitas as grandes canções do disco O Inimitável, lançado por Roberto em 1968, mas nenhuma se mostra tão tocante quando “As Canções Que Você Fez Pra Mim”, que Erasmo e Roberto escreveram como uma canção de amor e, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre o sentido do próprio ofício, e o legado imaterial e emocional que a música deixa: não por acaso, a composição viria a batizar o disco que Maria Bethânia gravaria em 1993 celebrando a obra da dupla.
Também presente em O Inimitável, de 1968, essa canção prima por reunir opostos extremos: em “Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo”, Roberto e Erasmo juntam uma letra tão simples e direta quanto é possível sobre a saudade e a distância do grande amor, com uma melodia perfeita e um arranjo preciso, capaz de fazer estádios se levantarem e cantarem com toda força, ao mesmo tempo que recordam das próprias histórias de amor.
Um dos maiores sucessos da dupla, “Se Você Pensa” surge em O Inimitável para se tornar um marco da influência do funk e do soul estadunidense sobre o rock brasileiro – e um dos maiores sucessos da dupla. Entre as muitas regravações desse verdadeiro clássico, a versão de Gal Costa em seu primeiro disco solo, de 1969, é histórica.
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Outra das maiores canções já lançadas no Brasil, “As Curvas da Estrada de Santos” chegou aos ouvidos nacionais em 1969, no grande disco lançado por Roberto naquele ano, e provavelmente se posiciona atrás somente de “Detalhes” em qualidade e relevância dentro dessa obra infinita da dupla. Seria somente mais uma canção de amor usando a velocidade e a estrada como metáfora: nas mãos de Erasmo e Roberto, porém, o simples se torna genial, preciso e precioso.
Composta em parceria com Roberto, “Sentado à Beira do Caminho” foi lançada como compacto em 1969, e incluída no disco Erasmo Carlos Convida, em 1980, já como uma das mais belas canções de amor e um dos grandes sucessos internacionais da dupla, regravada por nomes como Julio Iglesias, Ornella Vanoni e Andrea Bocelli, além de dezenas de artistas brasileiras.
O primeiro samba-rock gravado por Erasmo, “Coqueiro Verde” foi lançada em 1970 para se tornar um dos maiores e mais celebrados sucessos da carreira solo do cantor e compositor – escrito na direção de sua mulher, Narinha, citada na letra, mas também mencionando símbolos e personagens da época, como a atriz Leila Diniz e o jornal O Pasquim.
Uma das grandes canções que fazem de Carlos, Erasmo, histórico disco do cantor de 1971, seu melhor trabalho, “Gente Aberta” é uma gravação inesquecível, como um hino geracional composto com Roberto. O discurso de paz e liberdade afirma o desejo do autor por somente trocar com pessoas disponíveis ao amor – com pessoas “abertas”, como sugere o título.
O disco Carlos, Erasmo, de 1971, é não só o melhor da carreira de Erasmo, como um dos melhores da música brasileira em todos os tempos – e tem em “É Preciso Dar um Jeito, Meu Amigo” um de seus muitos pontos altos. Uma das melhores canções do artista, a música reflete sobre a situação política e social que o país enfrentava no período – em letra e melodia que se mantêm tocante e contundente até hoje.
Não há como medir palavras para falar de “Detalhes”, lançada por Roberto em seu grande disco de 1971 e assinada pela dupla: trata-se de uma das grandes canções de amor do mundo. É possível dizer que se trata da obra-prima da grife Roberto e Erasmo, uma criação rara, ao mesmo tempo belíssima e complexa, com uma interpretação perfeita sobre uma composição que traduz e revela pormenores profundos do amor de forma cinematográfica e, ao mesmo tempo, íntima.
Lançada no supremo disco de 1971 como uma das primeiras canções religiosas de Roberto e Erasmo, “Todos Estão Surdos” é provavelmente a melhor – e uma das mais arrojadas e modernas. Falando de Jesus como um personagem revolucionário e quase hippie, a gravação se imortaliza pelas partes faladas, n melodia irresistível e a linha de baixo matadora, abrilhantada com um coro e um arranjo de metais brilhantes.
“Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos” foi composta por Roberto e Erasmo para Caetano Veloso, quando o baiano se encontrava no exílio, como uma delicada canção de tributo e protesto indireto, já que à época o verdadeiro tema não pôde ser revelado. O que ficava claro, porém, era a beleza dessa canção singela, lançada no disco de 1971 e que jamais deixou de tocar no imaginário popular – e foi lindamente regravada pelo próprio Caetano no disco “Circuladô Ao Vivo”, de 1992.
Lançada como compacto em 1973 e composta por Erasmo em parceria com Roberto, “Cachaça Mecânica” funciona como uma crônica, um samba triste contando a história de um personagem que se desfaz de tudo para se lançar ao carnaval até à morte – como uma brilhante, densa e profunda metáfora da época e das dores do país de então.
Refletindo sobre as dores da vida adulta em comparação à infância, a canção “Sou Uma Criança, Não Entendo Nada” foi escrita por Erasmo e Giuseppe Ghiaroni e lançada em 1974 como um preciso exemplo da capacidade de suas músicas de traduzir de forma simples e diretas as sentimentalidades mais complexas.
Da lavra filosófica da dupla, refletindo sobre as desilusões e os aprendizados que a vida necessariamente impõe – e com um refrão matador e inesquecível –, “É Preciso Saber Viver” foi primeiramente lançada no disco de Roberto em 1974, e repetiu seu grande sucesso ao ser regravada pelos Titãs em grande versão lançada em 1998.
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Composta por Roberto e Erasmo e lançada no disco Banda dos Contentes, lançado por Erasmo em 1976, “Filho Único” abre um dos melhores álbuns do compositor, como um enorme sucesso que fez parte da trilha da novela “Locomotivas”. A composição retrata a conversa de um filho com sua mãe, como uma canção de amadurecimento e liberdade, em letra tão tocante quanto instigante para jovens – de qualquer idade.
Lançada no disco de mesmo nome, de 1981 – que traz a singularíssima capa mostrando Erasmo feito um bebê “no colo” como se fosse amamentado por Narinha –, a canção “Mulher (Sexo Frágil)” foi lançada como um libelo feminista. Derrubando o clichê sobre a suposta fragilidade feminina, a canção retrata as mulheres como verdadeiramente fortes, e os homens como frágeis e carentes – em uma gravação de grande sucesso e força.
Sucesso principal do disco Amar Pra Viver ou Morrer de Amor, de 1982 – outra capa singular, com mostrando o cantor “abrindo” o próprio peito para liberar um pássaro –, “Mesmo Que Seja Eu” é também parceria com Roberto, e tornou-se sucesso de âmbito nacional principalmente na regravação de Marina Lima, que sublinha o talento pop de Erasmo como compositor.
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