Os apelidos das seleções: canarinhos, falcões e cangurus entrarão em campo no Qatar

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se cada seleção de futebol representa o nome de seu país na Copa do Mundo, as particularidades, histórias, conquistas ou lendas ao redor das equipes garantem apelidos, que, em alguns casos, se tornam tão ou mais populares que os próprios nomes oficiais.

Muitas dessas alcunhas se referem simplesmente à cor do uniforme, como a “Azzurra” italiana, as três cores equatorianas para o apelido “La Tri”, ou “Les Bleus” para a seleção francesa: outros epítetos, porém, carregam histórias e curiosidades especiais.

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Assim, para conhecer um pouco mais sobre as seleções que encontraremos no Qatar a partir a partir do dia 20 de novembro, selecionamos alguns dos mais interessantes e curiosos apelidos que países e suas equipes irão orgulhosamente ostentar e cantar nos campos do Mundial. Entre faunas e floras típicas, guerras, tragédias e triunfos esportivos do passado, alguns desses segundos nomes contam parte da história, das tradições e dos costumes de cada país.

Os Marrons

A seleção nacional do Qatar, com a tonalidade que passou a ser chamada de “marrom Qatar”

O apelido da seleção do Qatar, sede do Mundial, se refere ao fato de o país ter sido um dos grandes produtores de corante de marisco. Originalmente, a cor da bandeira era toda vermelha-púrpura, mas o efeito do Sol sobre o tecido fazia o tingimento ficar marrom.

Leões de Teranga

O craque senegalês Sadio Mané sendo marcado por Neymar durante jogo contra o Brasil em 2019

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A alcunha da seleção de Senegal homenageia o grande felino símbolo do país, que se soma a palavra “teranga” que, na língua wolof local, se traduz como “hospitalidade” e “acolhimento”.

Laranja Mecânica

A seleção holandesa de 1974 encantou o mundo na Copa, mas perdeu a final pra Alemanha

O apelido holandês é um dos mais famosos, e possui origens diversas: além da cor do uniforme, o nome faz alusão ao histórico sistema tático do carrossel holandês que encantou o mundo na Copa de 1974, a partir também do icônico filme “Laranja Mecânica”, dirigido por Stanley Kubrick e lançado em 1971.

Os Falcões Verdes

Jogadores da Arábia Saudita comemoram gol contra o Egito em jogo na Copa do Mundo de 2018

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Também conhecida como Al Akhdar, ou “O Verde” por conta da cor do uniforme e da bandeira, a Arábia Saudita carrega o apelido de “Os Falcões Verdes” em homenagem à ave popular no país, mas também pela falcoaria, esporte nobre e considerado uma forma de arte na região.

Dinamáquina

O grande jogador dinamarquês Michael Laudrup durante a vitória contra a Escócia em 1986

Esse é um apelido que se refere a um triunfo esportivo: depois de uma boa participação nas eliminatórias, e de vencer Escócia, Alemanha e Uruguai na primeira fase da Copa de 1986, a Dinamarca ganhou o apelido de “Dinamáquina” – que se manteve, mesmo após a equipe ser eliminada nas oitavas pela Espanha por 5 a 1.

Socceroos

Os cangurus do futebol australiano antes de partida contra o Qatar em 2022

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O apelido da Austrália nasce de uma simples aglutinação de duas palavras: o termo “Socceroos” nada mais é que a junção das palavras “soccer”, como o futebol é conhecido em alguns países de língua inglesa, e “kangaroos”, ou cangurus, o famoso animal nativo do país.

La Fúria

A “fúria” espanhola celebrando a conquista de sua primeira e única Copa do Mundo, em 2010

Um antigo triunfo militar dá origem ao apelido da seleção espanhola, em referência à Guerra dos 80 anos, entre 1568 e 1648, quando os Países Baixos buscavam independência da Espanha: o ataque à Antuérpia, em 1576, custou a vida de 7 mil pessoas, e trouxe o apelido de “La Fúria” ao país – e, posteriormente, à sua equipe nacional.

Os Diabos Vermelhos

A equipe da Bélgica em foto oficial antes da partida contra o Brasil na Copa do Mundo de 2018

Apesar de se referir também à cor do uniforme, a alcunha da Bélgica é uma das mais antigas, e conta sobre um triunfo esportivo, que começou a ser usada pela seleção em 1906, após uma vitória por 3 a 2 contra a Holanda.

Os Leões do Atlas

Seleção marroquina se preparando para enfrentar a equipe do Irã

A fauna e as formações montanhosas do Marrocos contam a história do apelido dessa seleção: os “Leões do Atlas” lembram o leão berbere, que foi extinto da natureza no século 20, e a Cordilheira do Atlas, onde se localiza a montanha mais alta do país, Toubkal, com 4.167 metros.

Estrelas Negras

A bela bandeira de Gana inspirou o apelido de “Estrelas Negras” para a seleção do país

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Estampa a bandeira de Gana o motivo pelo qual a seleção ganhou o apelido de “Estrelas Negras”: no centro, uma estrela negra de cinco pontas representa a luta da África por sua liberdade.

Canarinho

A seleção de 1970, considerada a maior da história, teria sido a primeira a jogar com o apelido

Por fim, o apelido da Seleção Brasileira nasce a partir da tragédia da Copa de 1950, quando perdemos a final em pleno Maracanã para o Uruguai por 2 a 1 diante de 200 mil pessoas – um revés que ganhou o apelido de “Maracanazzo”. Depois de tamanha tristeza, o uniforme brasileiro, que até então era branco, foi aposentado, e um concurso popular escolheu o amarelo: o apelido se refere ao pássaro de mesma cor, e foi dado ao escrete pelo radialista Geraldo José de Almeida.