Ciência

Mais um foco de atenção: Pesquisas sugerem que estresse pode ser contagioso

16 • 11 • 2022 às 10:08 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se você já teve a impressão de que o estresse pode ser contagioso, saiba que, segundo a ciência, você pode ter razão: diversas pesquisas comprovaram que observar pessoas irritadas ou simplesmente envolvidas em atividades estressantes pode alterar níveis hormonais variados no observador, capazes de provocar justamente impactos no ânimo e no temperamento equivalentes. Em resumo, de acordo com tais estudos, o estresse pode ser contagioso como um vírus.

Diversas pesquisas confirmam que o estresse pode ser transmitido através da observação

Diversas pesquisas confirmam que o estresse pode ser “transmitido” através da observação

-90% dos jovens estão completamente estressados, aponta pesquisa

Uma pesquisa realizada por neurocientistas da Universidade de St. Louis, nos EUA, observou que os níveis de cortisona davam grandes saltos em quem observava outras pessoas em estado de estresse, provocando justamente um fenômeno nomeado como “contágio”.

Em 2014, um experimento semelhante foi realizado com ratos pela Universidade de Calgary, no Canadá, revelando que o animal, quando em estresse, solta um feromônio por sua glândula anal que é inalado pelos outros ratos.

Em contextos de trabalho, a "transmissão" acontece de forma ainda mais intensa e direta

Em contextos de trabalho, a “transmissão” acontece de forma ainda mais intensa e direta

-São Paulo está entre as cidades mais estressantes do mundo para viver

E mais: o experimento canadense seguiu a corrente de transmissão de estresse, para descobrir que o segundo rato, contaminado pelo primeiro, também passou o feromônio da irritação para um terceiro animal, que sequer observou o roedor estressado original. Segundo o neurocientista Jaideep Bains, responsável pelo estudo, a conclusão também pode ser aplicada ao funcionamento das relações humanas: não por um feromônio emitido por uma glândula anal, mas também temos nossas experiências individuais determinadas pelas atitudes de outras pessoas.

Pesquisas com ratos confirmaram que o efeito pode ser repassado a terceiros, tal qual um vírus

Pesquisas com ratos confirmaram que o efeito pode ser repassado a terceiros, tal qual um vírus

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De todo modo, as pesquisas sugerem que o estresse pode ser transmitido, e não somente por sinais evidentes, como gritos, sons, gestos ou ameaças físicas, mas também como fenômenos invisíveis, semelhantes à ação de um vírus. As pesquisas futuras sobre o tema visarão compreender de que forma esse contágio acontece fora dos laboratórios, e principalmente na natureza selvagem, e sua afetação por situações de perigo, por exemplo – e como isso pode ser aplicado para a redução dos mesmos efeitos sobre nossa saúde.

O objetivo dos experimentos é encontrar meios de reduzir ou evitar a transmissão de estresse

O objetivo dos experimentos é encontrar meios de reduzir ou evitar a transmissão de estresse

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© fotos: Getty Images


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