Ciência

Terapia com acordes de piano pode ajudar quem tem pesadelos recorrentes

01 • 11 • 2022 às 14:09
Atualizada em 06 • 11 • 2022 às 09:52
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O piano é tão encantador que é capaz de dissipar até mesmo os piores pesadelos com um simples acorde: o instrumento é a ferramenta utilizada em um estudo realizado com pacientes que sofrem com transtorno de pesadelos recorrentes.

A pesquisa foi publicada na revista Current Biology, e contou com 36 participantes em diversas etapas para que os sons de um acorde no piano reduzissem a frequência dos sonhos ruins, como também aumentassem a incidência dos bons sonhos enquanto dormiam.

O experimento combinou duas terapias diferentes para ampliar os benefícios contra os pesadelos

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O estudo foi realizado por cientistas dos Hospitais Universitários de Genebra e da Universidade de Genebra, na Suíça, e combinou duas diferentes técnicas terapêuticas na busca pela redução de pesadelos. Na primeira etapa, os participantes foram submetidos a uma terapia de ensaio de imagens (TRI), na qual tinham de retratar seus sonhos ruins mais frequentes de uma maneira positiva. Depois, cada pessoa participou de sessões utilizando uma técnica de reativação de memória direcionada (TMR), que associa sons a experiências positivas.

A técnica de reativação de memória direcionada (TMR) foi descoberta em 2010

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Em resumo, o experimento associou o som de um acorde no piano a uma experiência positiva, e executou esse acorde durante o sono dos participantes, para descobrir que o estímulo efetivamente reduziu a incidência de pesadelos.

O acorde utilizado foi um Dó com sexta e nona (C 6/9), que foi reproduzido a cada 10 segundos durante o período REM, último estágio do ciclo de sono, no qual é mais comum que os pesadelos ocorram. O experimento foi dividido com um grupo de controle que não passou pelos tratamentos.

O experimento estimula o cérebro a tornar a experiência difícil dos pesadelos em algo positivo pelo som

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Segundo a publicação, no começo do estudo o grupo de controle tinha uma média de 2,58 pesadelos por semana. Os participantes que experimentaram a técnica TMR apresentavam cerca de 2,94 pesadelos no mesmo período. Após o processo, o número de pesadelos semanais do grupo de controle caiu para 1,02, mas entre os que passaram pela TMR os pesadelos caíram para somente 0,19. Mais do que somente reduzir os pesadelos, a terapia aumentou o número de sonhos felizes.

O estudo combinou a terapia de ensaio de imagens (TRI) com a reativação de memória direcionada (TMR)

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“Ficamos positivamente surpresos com o quão bem os participantes respeitaram e toleraram os procedimentos do estudo, por exemplo, realizando terapia de ensaio de imagens todos os dias e usando a faixa de dormir durante a noite”, afirmou o psiquiatra Lampros Perogamvros, que liderou a pesquisa. “Para nós, pesquisadores e clínicos, essas descobertas são muito promissoras tanto para o estudo do processamento emocional durante o sono quanto para o desenvolvimento de novas terapias”, concluiu.

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© fotos: Getty Images


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