Inovação

Amazon quer abandonar códigos de barras e identificar produtos com Inteligência Artificial

14 • 12 • 2022 às 10:57 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

No ano em que completa 70 anos desde sua criação, o código de barras está ameaçado de extinção – e quem quer acabar com o sistema de representação e leitura de dados visuais é ninguém menos que a poderosa Amazon. As linhas pretas e brancas impressas nas embalagens dos produtos trazem informações fundamentais para a logística de lojas e plataformas. Ao longo dos anos, o sistema revolucionou o comércio no mundo todo, mas o desejo da Amazon em superar seu uso busca justamente solucionar problemas atuais e otimizar o processo.

A criação do código de barras começou em 1948 e se concluiu em 1952, inspirada no Código Morse

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Criado pelos inventores estadunidenses Norman Joseph Woodland e Bernard Silver, o código de barras nasceu para suprir a necessidade de um sistema automatizado de identificação de produtos principalmente em supermercados, através do qual as informações pudessem ser lidas com rapidez e eficácia na hora do pagamento. Inspirado no Código Morse, o sistema foi patenteado em 1952 e, ao longo dos anos 1970 até meados dos anos 1980, foi se tornando um método quase universal de leitura de dados em embalagens. Agora, a Amazon quer substituí-lo por um modelo de Inteligência Artificial para identificação dos produtos.

A leitura dos códigos é manual e individual, e danos ou a ausência pode atrasar todo o processo

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Apesar de eficaz, o método possui falhas que, em uma imensa escala de distribuição, na qual milhões de produtos são escaneados diariamente, códigos danificados ou ausentes, por exemplo, podem ser o início de uma sucessão de problemas em dimensão igualmente grandiosa.

O plano para eliminar os códigos de barras foi informado pela empresa recentemente, e busca também superar a necessidade de identificação manual unitária, considerada, segundo o comunicado, “desconfortável e ineficiente”, a ser substituído por “modalidades múltiplas de informação”.

Um dos muitos (e imensos) centros de estoque e distribuição de produtos da Amazon nos EUA

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A identificação multimodal (MMID, em sigla em inglês) desenvolvida pela empresa utiliza câmeras fotográficas, de vídeo e profundidade para extrair informações através da aparência, dos textos e das dimensões de cada objeto. É como uma espécie de impressão digital, a ser lida por um sistema de aprendizagem automático capaz de reconhecer os dados e associá-los aos produtos.

“Resolver esse problema, para que robôs possam processar cada item, sem a necessidade de encontrar e escanear um código de barras, é fundamental e irá nos ajudar a enviar os pacotes aos clientes com mais rapidez e precisão”, afirmou Nontas Antonakos, cientista da Amazon que liderou o desenvolvimento da tecnologia.

Câmera "reconhecendo" um produto através do novo sistema de MMID criado pela empresa

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Os primeiros experimentos com IA mostraram uma índice de acerto de 75% a 80% que, após investimentos extensos no aprimoramento do MMID, cresceu para 99%. O novo sistema já se encontra em teste em centros de distribuição em Hamburgo, na Alemanha, e em Barcelona, na Espanha. A ideia é que, no futuro, seja utilizado em todos os produtos da Amazon.

“Essa visão, de utilizar MMID em todos os processos de distribuição, para acelerar e otimizar a automação robótica, será alcançada, como mais um passo em nossa jornada para que as entregas cheguem mais rapidamente e corretamente aos consumidores”, afirmou Antonakos.

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© fotos 1, 2: Getty Images

© fotos 3, 4: Amazon/reprodução


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