Criatividade

Árvore de Natal: de onde vem a tradição de decorarmos pinheiros para as festas de fim de ano?

23 • 12 • 2022 às 09:56
Atualizada em 26 • 12 • 2022 às 09:25
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Toda tradição, por mais antiga e naturalizada que seja, possui uma história – um início e um caminho que explica como determinada festa, gesto ou mesmo objeto se tornou parte dos hábitos do mundo, e é esse o caso das árvores de Natal.

As celebrações dos últimos dias de dezembro acontecem há milênios, muito antes das festas se tornarem cristãs: nas sociedades agrarias, o 25 de dezembro se referia ao solstício de inverno, e é dessa origem ancestral que a presença e decoração das árvores surge.

Apesar de ligada às festas cristãs, a origem da árvore de natal é pagã e remonta há milênios

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Com surgem as árvores de Natal?

Cerca de 3 mil anos antes de Cristo, principalmente na Europa e na Ásia, as árvores já eram consideradas sagradas, especialmente aquelas perenes, que resistiam ao frio do inverno – como o pinheiro, que costumava ser levado para dentro dos lares e decorado de forma similar ao que fazemos hoje, para a festa do solstício, a noite mais longa do ano, que também representava o início da volta do sol e do calor.

Segundo consta, os povos germânicos colocavam presentes para as crianças ao pé das árvores, em homenagem a deuses típicos como Odin.

A resistência dos pinheiros ao inverno levou a árvore a se tornar decoração do solstícios

A resistência dos pinheiros ao inverno levou a árvore a se tornar decoração da festa do solstício

Árvore de natal em Nova York: a tradição da decoração chegou aos EUA no século 19

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A relação da árvore de Natal com a Alemanha 

A origem da árvore de Natal moderna é incerta, mas sua popularização provavelmente começou no século 16 com os protestantes alemães, especialmente Martinho Lutero, que, conta a lenda, teria adotado o hábito e passado a decorar com velas uma árvore em sua casa para o Natal e o ano novo.

Curiosamente, porém, durante muito tempo os puritanos ingleses proibiram o Natal, tanto no país quanto nas colônias, incluindo os EUA, por falta de legitimidade bíblica a respeito do dia da morte de Jesus – e, por isso, as decorações de Natal eram proibidas e passíveis de multa.

Martinho Lutero retratado com sua família diante de uma árvore de Natal em ilustração de 1860

Martinho Lutero retratado com sua família diante de uma árvore de Natal em ilustração de 1860

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As árvores, portanto, só realmente se popularizaram pelo mundo com a imigração alemã e a revolução protestante na Inglaterra, a partir do fato de que os membros da família real inglesa, proibidos de se casarem com católicos, começaram a se relacionar especialmente com os muitos nobres protestantes alemães – e começaram a também cultivar a tradição, de origem pagã, mas assimilada pelos cristãos, das árvores de Natal.

Foi principalmente a rainha Vitória, especialmente popular e descendente de mãe e avó alemãs, que tornou, já no século 19, a montagem das árvores em hábito público e elegante, a ser copiado pela população.

A primeira árvore de natal montada na Casa Branca, em Washington, em 1923

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Natal se torna feriado nos Estados Unidos 

 Em 1870, os EUA reconheceram o Natal como feriado federal e, em 1923, o primeiro pinheiro foi montado na Casa Branca. Na América Latina e no Brasil, o hábito também só ganhou força no século 20, levando muitas famílias a decorar, com bolas, luzes, presépios e faixas, árvores de verdade ou de plástico.

Atualmente, mesmo países que não são predominantemente cristãos, como o Japão, a China ou os Emirados Árabes, também montam árvores em espaços comunitários ou shoppings durante o período: o Natal, afinal, se tornou também a festa mais comercial de todo o ano, e as próprias árvores de natal são hoje produtos de alto valor.

A tradicional árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro

A tradicional e imensa árvore de Natal da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro

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© fotos 1, 2, 3: Getty Images

© foto 4, 6: Wikimedia Commons

© foto 5: Biblioteca do Congresso dos EUA


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