Ciência

Demência canina: passear faz bem pros animais – e seus donos

05 • 12 • 2022 às 11:26
Atualizada em 06 • 12 • 2022 às 09:14
Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

A idade avançada traz seus efeitos para todos, inclusive para nossos melhores amigos caninos, que, assim como os seres humanos, também podem desenvolver quadros de demência. Pouco estudada e até mesmo comentada, a doença não possui um teste funcional e acessível para ser diagnosticada entre os cães, que costumam passar por avaliações comportamentais somente para detectar a disfunção. E ela afeta os cachorros de forma similar ao mal de Alzheimer.

A demência canina não possui um exame que a detecte, e precisa ser percebida pelo comportamento

A demência canina não possui um exame que a detecte, e precisa ser percebida pelo comportamento

-Estudo mostra relação entre tirar meleca e desenvolver demência

Tecnicamente intitulada disfunção cognitiva canina, ou DCC em inglês, a demência afeta o cérebro dos cães de forma progressiva, prejudicando a cognição dos bichanos e provocando também limitações motoras. Quando ocorre, a doença tende a aparecer após os oitos anos de idade do animal e, justamente por não existir um teste e pelo diagnostico ser realizado através da análise do comportamento do cachorro, a subnotificação é muito comum. Nem toda alteração comportamental, porém, deve ser motivo de maiores preocupações.

Os quadros costumam aparecer por volta dos oito anos de idade entre os cachorros

Os quadros de demência costumam aparecer por volta dos oito anos de idade entre os cachorros

-Porque adotar um cão idoso pode ser maravilhoso

Assim como acontece com os seres humanos, o avanço da idade traz mudanças fisiológicas e neurológicas nos cães, e algumas dessas variações podem acender alertas entre os tutores humanos do animal idoso. Nos casos de DCC, é normal que o cachorro subitamente pareça perdido dentro de casa, e também que fique “preso” atrás de móveis ou em outros espaços menores, como se tivesse desaprendido a andar para trás.

A doença também não tem cura entre os cães, e causa dificuldades mentais e motoras

A doença também não tem cura entre os cães, e causa dificuldades mentais e motoras nos animais

-Ela adotou um cão idoso por parecer o de sua infância e descobriu que era o próprio

Outros sintomas comuns em tal quadro são mudanças abruptas de humor e da busca por afeto, alterações na intensidade das atividades – como excesso de agitação ou estado de letargia –, excesso de sono durante o dia ou a noite, caminhadas ou latidos sem propósito, assim como um aumento na ansiedade e no medo: é comum, por exemplo, que o cachorro que começa a desenvolver demência não queira mais sair de perto do tutor ou da tutora. Da mesma forma, é normal que comece a fazer suas necessidades dentro de casa, mesmo que seja treinado para fazê-las em passeios.

Passeios previnem a doença

Diversas pesquisas buscam compreender melhor o que causa a demência entre os cães e como prevenir a doença. Entre as muitas variáveis, como raça, esterilização, gênero, alimentação e mais, somente um fator demonstrou capacidade de prevenir a ocorrência da doença: as atividades físicas. Segundo as pesquisas, cachorros sedentários possuem um risco até 6,5 vezes maior de desenvolver a demência que aqueles que brincam e correm` com frequência, ou simplesmente passeiam diariamente – e, curiosamente, o benefício dos passeios é também humano.

Os benefícios diretos que os passeios trazem aos cães idosos também se dão para os humanos

Os benefícios diretos que os passeios trazem aos cães idosos também se dão para os humanos

-Pesadelos recorrentes na meia-idade podem ser primeiros sinais de demência

Uma pesquisa dinamarquesa descobriu que pessoas que caminham diariamente, mesmo que apenas 3,800 passos, reduzem consideravelmente o risco de desenvolver demência – se a caminhada completa 10 mil passos, o risco cai pela metade. Tal resultado se soma a outro levantamento, realizado em 2019, que demonstrou que tutores de cachorros tinham também risco menor por um motivo completamente prático: as saídas para passear com os animais representavam momentos de exercício físico extra, que combatem o surgimento da doença.

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© foto 1: Wikimedia Commons

© fotos 2, 3, 4: Getty Images


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