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Desde o início da Copa do Mundo no Catar você ouviu falar sobre os indianos, paquistaneses e bangladenses que são loucos por futebol e invadiram os estádios da Copa do Mundo torcendo por Brasil e Argentina. Mas, apesar disso, ainda paira uma questão: por quê?
O esporte mais popular do subcontinente indiano é o críquete e nenhuma seleção da região é especialmente prolífica no futebol. Por que, então, eles se apaixonaram tanto pelo desporto e pelas equipes nacionais de Brasil e Argentina?
Em Calcutá, crianças jogam futebol em frente a mural homenageando Lionel Messi
Para isso, é preciso lembrar: o subcontinente indiano é ocupado por quase 2 bilhões de pessoas espalhados por Índia, Bangladesh, Nepal, Butão, Myanmar, Sri Lanka, Maldivas e Paquistão. Portanto, estamos falando de regiões extremamente diferentes e complexas.
Nesta reportagem iremos nos focar especialmente em um país em específico: a Índia.
Como foi dito, o esporte nacional indiano é o críquete. A seleção indiana de críquete é bicampeã mundial da Copa do Mundo. O desporto dos tacos é herança do raj colonial britânico, e a simplicidade do jogo (bastava uma bolinha e um taco) fez com que ele se espalhasse rapidamente pelo continente.
Babar Azam, do Paquistão, e Virat Kohli, da Índia, interagem durante jogo de críquete na Copa do Mundo; países irmãos possuem rivalidade histórico no esporte e na política
O futebol compartilha das mesmas origens, em especial em dois estados: Bengala Ocidental, cuja capital é Calcutá – sim, da Madre Teresa – e Kerala, no sul da Índia. Em ambos os locais, a herança britânica não deixou apenas o críquete, mas também o soccer.
O futebol indiano sempre foi extremamente popular nessas regiões, mas a prioridade em formar jogadores de críquete cumpriu um papel fundamental para o subdesenvolvimento do futebol local. A Índia nunca conseguiu jogar a Copa do Mundo e o seu melhor resultado em expressão foi o vice-campeonato de uma Copa da Ásia, em 1964.
Os ‘Tigres Azuis’ não desfrutam de talento suficiente e nunca jogaram uma Copa do Mundo
E apesar do recentemente investimento de empresários no futebol local, o time indiano não parece estar se desenvolvendo e, desde os anos 70 e 80, não vê brilho dentro dos torneios internacionais. É aí que entra a televisão.
As origens dos torcedores brasileiros na Índia está na Copa do Mundo de 1970, a primeira com televisionamento em cores, quando os poucos indianos que tinham acesso a televisores viram o espetáculo de Pelé no México.
Depois, o Rei desembarcou em Calcutá no ano de 1977 quando jogava pelo New York Cosmos e consolidou o status de Bengala Ocidental como consulado não-oficial da seleção brasileira no exterior.
Estudantes de esquerda e fãs de futebol se manifestam em Calcutá, na Índia, exigindo mais investimento no esporte e celebrando a Copa do Mundo
Em Kerala, a maioria da população é indiana. E muito disso se deve ao espetáculo de Maradona no ano de 1986, quando o argentino destruiu a Inglaterra no Mundial que rendeu o segundo título para a Argentina – seleção com os quais o indianos tem uma rivalidade histórica no críquete -, no que Milly Lacombe chamou de ‘vingança decolonial’.
Obviamente, a poesia do jogo não se justifica somente na história, mas também na realidade concreta de hoje em dia. E o que as fontes históricas apontam é que Kerala e Bengala Ocidental são, de fato, as terras do futebol na Índia.
“Nas nossas escolas, costumávamos jogar todos os esportes, em especial futebol e vôlei. Mas muito da popularidade aqui em Kerala acontece por conta das academias da cidade onde moro”, explica Mukim, que encontrei no Omegle. “Nós jogamos muito, e acho que isso ajuda os fãs”.
A cidade onde Mukim mora é Malappuram, em Kerala. O local é, historicamente, a capital continental do futebol no sul da Índia e tem estádios que datam do século XIX. E lá também onde fica o Malappuram District Sports Complex & Football Academy, que forma jogadores para toda a Índia.
E algo que segue sendo importante para a torcida dos indianos é a figura de ídolos e craques capazes de suprir a falta de talento dos atuais futebolistas indianos. E é por isso que Samrat, natural de Kerala, prefere a albiceleste à amarelinha.
“Gosto de Messi. Mais do que de Neymar. F***-se Neymar”, brinca. E, quem sabe, nesta Copa do Mundo, Lionel poderá repetir o feito de Don Diego no Catar.
Nas ruas de Kerala, Maradona, Messi, Alisson e outros jogadores são celebrados
Sobre a seleção, nada a comentar, exceto o sonho. Tanto Mukim quanto Samrat me disseram a mesma coisa. “Um dia iremos jogar a Copa do Mundo. Pode ter certeza”, asseguram.
De fato, a alteração de 32 para 48 seleções para a Copa do Mundo de 2026 engendrada pela FIFA foi realizada para atender às aspirações dos jovens keralenses. A introdução de mercados como Índia e China (que somam quase 2,8 bilhões de pessoas) deve valorizar cotas de publicidade e aumentar drasticamente a audiência do torneio – que já é o mais popular do planeta.
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