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Marrocos elimina Espanha da Copa; confira a festa dos marroquinos e a rivalidade histórica com Madrid

06 • 12 • 2022 às 16:43
Atualizada em 06 • 12 • 2022 às 16:56
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Nesta quarta-feira, Marrocos eliminou a Espanha da Copa do Mundo de 2022. A dramática vitória dos árabes nos pênaltis marca a melhor campanha da seleção em copas, mas também significa muito por conta do adversário: a relação entre espanhóis e marroquinos é complexa e data de mais de um milênio.

Marroquinos fazem a festa nas ruas de Almería, na Espanha

A vitória das águias do norte da África é motivo de celebração em todo o país. Os torcedores do Atlético Mineiro certamente se lembram da festa do Raja Casablanca, maior time do país, no Mundial de Clubes de 2013, realizado no Marrocos.

Confira a festa nas principais cidades do país:

Agora, vídeos da festa na Espanha:

E também houve grande festa em outras partes do mundo árabe, como na Faixa de Gaza:

A festa deve ser longa no Marrocos. Agora, a seleção deve enfrentar o vencedor do conflito entre Suíça e Portugal, que ocorre neste momento. A partida pelas quartas ocorre no sábado, dia 10, às 12h.

A relação entre Espanha e Marrocos

A vitória marroquina não foi somente saborosa porque Marrocos nunca havia chegado às quartas de final de Copa do Mundo. A relação entre os países nunca foi boa e, até os dias de hoje, segue com problemas geopolíticos e territoriais.

O local onde existe a atual Espanha e Portugal, a península ibérica, foi conquistado pelos árabes do califado Umíada por volta do século 8. Durante cerca de 700 anos, a região foi mantida por diversas lideranças políticas ligadas ao Islã em maior ou menor grau. O califado da religião de al-Andalus perdeu força somente após o fim da chamada Reconquista – longa guerra contra o califado islâmica que se iniciou nas cruzadas e terminou em janeiro de 1492.

Seleção marroquina entrou em campo contra Bélgica, Canadá e Croácia na Copa e tem a melhor defesa do torneio

Depois de 1492, os espanhóis avançaram ainda mais para dentro do norte da África e mantiveram o Marrocos como uma espécie de colônia de influência portuguesa e espanhola. Depois, ainda foi conquistado pelos franceses. A independência marroquina só chegaria de fato 1956.

A Espanha ainda mantém posses dentro de territórios continentais africanos dentro do Marrocos, como a cidade de Ceuta e Melilla. Ambas as cidades são reclamadas pelos marroquinos, mas estão sob domínio de fato dos espanhóis.

O governo de Madri também financia a Frente Polissário, um grupo revolucionário que atua no deserto Saara e deseja a separação do Saara Ocidental, território que hoje segue sob o controle do Reino de Marrocos.

Essa relação complexa e histórico entre Marrocos e os países ibéricos faz com que exista uma grande rivalidade entre os árabes e os europeus. Muitos marroquinos tentam a vida na Europa e enfrentam um mundo de preconceitos, como é o caso de Achraf Hakimi.

Hakimi celebrou vitória contra Espanha junto de sua mãe, que estava no estádio

O lateral direito do Paris Saint-Germain é filho de uma marroquina, mas nasceu na Espanha. Recusou a nacionalidade espanhola e decidiu jogar pela seleção de sua mãe, onde encontrou acolhimento. E pode celebrar o pênalti da vitória hoje, uma das maiores dos marroquinos desde a Reconquista.

Agora, os marroquinos carregam o legado de África e do Mundo Árabe, sendo a única seleção do continente e etnicamente árabe a sobreviver na Copa do Mundo.

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