Arte

‘Wandinha’ e outras 8 produções revelam o estranho e fascinante mundo de Tim Burton

01 • 12 • 2022 às 15:16
Atualizada em 02 • 12 • 2022 às 00:05
Adriana Del Ré
Adriana Del Ré   Redatora Adriana Del Ré é jornalista especializada na área de cultura e entretenimento. Formada pela PUC-SP, foi repórter, subeditora e editora no jornal O Estado de S. Paulo. Colaborou também para Rolling Stone, UOL, portal da CNN e Valor Econômico, entre outros veículos.

No topo da lista das produções mais vistas atualmente na Netflix, “Wandinha” traz a marca registrada de Tim Burton, que assina a direção da série. A estética gótica e o realismo mágico, característicos da obra visual de Burton, são identificados logo nas primeiras cenas. De aparência gélida e inteligência descomunal, Wandinha (ou Wednesday, na versão original), vivida por Jenna Ortega, é a garota fora dos padrões que, assim como o irmão, sofre bullying no colégio.

Com o pé na psicopatia, a filha do eterno casal de apaixonados Mortícia e Gomez Addams (Catherine Zeta-Jones e Luis Guzmán) resolve defender mais uma vez o irmão mais novo. E não é com suas habilidades na esgrima ou no kung-fu. Ela chega na piscina onde os algozes estão treinando e, sem piscar os olhos (aliás, a personagem mal pisca na série) e um raro esboçar de sorriso nos lábios, lança na água sacos plásticos repletos de piranhas. Instaram-se o terror e o caos – como Wandinha gosta. Uma grande cena ao melhor estilo Tim Burton, que em nada faz lembrar o humor e a leveza da Família Addams nos filmes dos anos 1990 ou na série dos anos 1960.

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“Wandinha”, que se tornou a melhor estreia na Netflix, desbancando o sucesso “Stranger Things” do posto, é a produção mais recente de Burton como diretor, mas o também produtor, roteirista, desenhista e escritor construiu uma obra admirável e esteticamente coerente desde o início de sua trajetória, nos anos 1970.

Veja outras 8 produções que consolidaram o visual sombrio e os personagens excêntricos na obra de Tim Burton:

Os Fantasmas Se Divertem (1988)

Ganhador do Oscar de melhor maquiagem, o filme conta a história de um casal (Geena Davis e Alec Baldwin) morto num acidente de carro que fica preso na própria casa com os novos proprietários – um casal rico e arrogante e uma adolescente gótica (Winona Ryder) – e que vai fazer de tudo para expulsá-los. Inclusive, contratar um fantasma desonesto (Michael Keaton) para isso. Há cenas hilárias, como a que os novos moradores recebem amigos para um jantar e são “possuídos”, ao som de “Banana Boat Song”.

Batman (1989)

Inspirado no famoso super-herói sombrio da DC Comics, o longa-metragem é o primeiro da série de filmes sobre o “Homem-Morcego”. Tendo Gotham City como cenário, a trama acompanha a trajetória do milionário Bruce Wayne (Michael Keaton), o “nascimento” de seu alter ego Batman, e a ascensão de seu maior arqui-inimigo, o Coringa (Jack Nicholson). Há ainda espaço para o romance de Bruce com a repórter Vicki Vale (Kim Basinger). Por ser um ator mais ligado à comédia, na época Keaton não foi o primeiro a ser cotado para o papel. Tim Burton dirigiu ainda a sequência “Batman Returns” (1992) e foi produtor de “Batman Eternamente” (1995).

Ed Wood (1994)

É uma espécie de cinebiografia de Ed Wood, considerado o pior diretor de todos os tempos. Nos anos 1950, Wood (Johnny Depp) tenta emplacar a carreira de cineasta, realizando filmes de ficção científica e terror, mas não é levado a sério pela indústria, já que seus roteiros são ruins e os efeitos especiais, dignos de piada. É um filme mais pessoal de Burton, uma preciosidade em sua filmografia, que muitas vezes passa despercebida, mas merece atenção.

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)

Mesclando fantasia, terror e suspense, é inspirado no conto “The Legend of Sleepy Hollow”, de Washington Irving. Protagonizado por Johnny Depp e Christina Ricci, conta a história de um policial perspicaz, meio Sherlock Homes (Depp), que é enviado de Nova Iorque para investigar uma série de assassinatos cometidos por um misterioso cavaleiro sem cabeça (Christopher Walken) na aldeia de Sleepy Hollow. Depp acabou se tornando o ator-fetiche de Burton, ao aparecer em vários filmes do cineasta.

A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)

Nesse filme de fantasia, Burton faz uma releitura da história do excêntrico e recluso Willy Wonka (Johnny Depp), dono de uma famosa fábrica de chocolate, que lança um desafio: as crianças que acharem convites dourados escondidos em barras de chocolate de sua marca ganham como prêmio um dia em sua fábrica. Entre essas crianças “sortudas”, está um doce garoto (Freddie Highmore, de “The Good Doctor” e “Bates Motel”), de uma família pobre. O diretor criou uma versão soturna do filme, que vai ao extremo oposto à estética ensolarada do longa original, de 1971, com Gene Wilder.

A Noiva Cadáver (2005)

Tim Burton volta às suas origens de animador, assim como fez em “O Estranho Mundo de Jack”, nesse filme de animação em stop-motion. Numa fictícia Inglaterra da era vitoriana, um jovem rapaz precisa se casar com a filha de aristocratas falidos, para satisfazer um desejo dos pais. Mas uma série de ações atrapalhadas faz com que o jovem acabe pedindo, sem querer, a mão de Emily, uma noiva que foi assassinada ao tentar fugir com seu grande amor. Os personagens principais ganharam as vozes de Johnny Depp e Helena Bonham Carter.

Alice no País das Maravilhas (2010)

A versão de Burton para o clássico infantil de Lewis Carroll não lembra em nada a atmosfera da animação da Disney que forjou essa história no imaginário de gerações. Após a morte do pai, a melancólica Alice (Mia Wasikowska) é obrigada a ficar noiva de um jovem que não ama e, ao tentar escapar do pedido de casamento, vai atrás do Coelho Branco e cai dentro de uma toca, que a leva para um outro universo. No filme, Johnny Depp vive o Chapeleiro Maluco. Houve uma sequência, “Alice Através do Espelho”, em 2016, da qual Burton foi produtor.

Dumbo (2019)

É remake em live-action do longa-metragem animado “Dumbo”, de 1941, com produção e distribuição da própria Disney. Com Colin Farrell, Eva Green, Michael Keaton e Danny DeVito no elenco, conta a famosa história do elefantinho que é motivo de piadas por causa das longas orelhas, mas que é capaz de voar com elas e se torna atração de um circo. O filme fez parte do projeto da Disney de transformar seus clássicos animados em versões com atores.

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