Debate

A polêmica foto de Lula que irritou o Palácio do Planalto

20 • 01 • 2023 às 12:02
Atualizada em 20 • 01 • 2023 às 13:12
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Uma foto publicada pelo jornal Folha de São Paulo criada pela jornalista Gabriela Biló causou polêmica nas redes sociais e chegou a gerar nota de repúdio do Palácio do Planalto.

Presidente Lula em reunião com governadores no dia 9 de janeiro, logo após atentados em Brasília

A fotógrafa Gabriela Biló sobrepôs uma fotografia do presidente Luis Inácio Lula da Silva arrumando sua gravata com uma vidraça quebrada no Palácio do Planalto. A sobreposição causa a impressão de que o mandatário teria tomado um tiro na direção do peito.

Confira a imagem:

A imagem foi publicada no dia 18 de janeiro, 10 dias depois da invasão à Praça dos Três Poderes. Além de ter ido pras redes sociais, o duplo clique também parou na capa da Folha de São Paulo, onde Gabriela Biló trabalha.

No veículo, a imagem foi associada à manchete “No foco de Lula, presença militar no Planalto é recorde”.

Montagem é fotojornalismo?

A foto utiliza a múltipla exposição, uma das primeiras formas de montagem no mundo da fotografia. Antigamente, em tempos analógicos, fazia-se dois cliques no mesmo filme, gerando uma sobreposição de imagens. Nas câmeras digitais de hoje em dia, isso é mais fácil.

Na semana passada, Biló havia feito uma foto de Marina Silva utilizando a mesma técnica:

Os debates foram insuflados pela temática da foto que retrata o chefe de estado do Brasil. A imagem remete aos atos violentos recentes que tiveram como vítima o presidente.

Usuários das redes sociais acusaram a imagem de incitação à violência, crime de ódio e fake news. A filósofa Márcia Tiburi, por exemplo, fez a seguinte afirmação:

A reação, contudo, não foi unânime.

O governo emitiu nota repudiando o conteúdo da imagem, focando sua crítica ao veículo de comunicação.

“É lamentável que o jornal Folha de S.Paulo tenha produzido e veiculado uma imagem não jornalística sugerindo violência contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, no contexto dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Trata-se de uma montagem, por não retratar nenhum momento que tenha acontecido”, diz nota da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

O argumento de Biló

A jornalista publicou um texto na Folha de São Paulo refletindo sobre as críticas e justificando suas escolhas.

“Ao ver o Palácio ferido e a vida acontecendo normalmente, refleti sobre qual seria a melhor forma de traduzir o que eu estava sentindo —fotojornalismo não é só registro, é também tradução do ambiente, no caso, do ambiente político —e pensei nessa técnica antiga de dupla exposição”, afirmou a fotógrafa em coluna.

“Como autora da foto, não vou dizer o que as pessoas têm que sentir, respeito como a foto chegou a quem viu violência. Mas a verdade não é uma só. Como a autora da foto, aceito as críticas. Ninguém é obrigado a ver o mundo da mesma forma que eu”, complementou Biló.

Gabriela Biló foi vencedora do troféu Mulher Imprensa em 2020 e é considerada uma das principais fotojornalistas do país. Sua trajetória ganhou notoriedade há dez anos, quando fez uma cobertura fotográfica das marchas de junho de 2013. Passou pelo Estadão e hoje cobre Brasília pela Folha de São Paulo.

Leia também: 20 imagens poderosas deste concurso de fotojornalismo para refletir sobre a humanidade

Publicidade

Fotos: Destaques e Foto 1: Getty Images


Canais Especiais Hypeness