Ciência

Alzheimer no mundo animal: golfinhos e baleias podem sofrer da doença, diz estudo

02 • 01 • 2023 às 09:59
Atualizada em 09 • 01 • 2023 às 10:54
Redação Hypeness
Redação Hypeness Acreditamos no poder da INSPIRAÇÃO. Uma boa fotografia, uma grande história, uma mega iniciativa ou mesmo uma pequena invenção. Todas elas podem transformar o seu jeito de enxergar o mundo.

Três espécies de cetáceos encalhadas na costa da Escócia, incluindo um golfinho-nariz-de-garrafa e uma baleia-piloto de nadadeiras longas, apresentaram os marcadores clássicos da doença de Alzheimer, de acordo com um estudo. Embora os tipos de demência tenham sido amplamente detectados em outros animais, a doença de Alzheimer não ocorre naturalmente em outras espécies além da humana.

Mas pesquisadores da Universidade de Glasgow, das universidades de St. Andrews e Edimburgo e do Moredun Research Institute, na Escócia, ficaram surpresos ao descobrir que testes realizados após a morte de 22 baleias dentadas, ou odontocetos, detectaram três alterações cerebrais importantes associadas à doença de Alzheimer humana em três animais.

Degeneração cerebral pode apoiar teoria sobre por que alguns grupos de golfinhos encalham em águas rasas

O que pode causar o Alzheimer em golfinhos e baleias?

Os cientistas não sabem a causa dessa degeneração cerebral, mas ela pode apoiar uma teoria sobre por que alguns grupos de baleias e golfinhos encalham em águas rasas.

Os pesquisadores encontraram sinais de Alzheimer em três dos 22 odontocetos encalhados: um golfinho-de-bico-branco, um golfinho-nariz-de-garrafa e uma baleia-piloto de nadadeiras longas, também membro da família dos golfinhos.

De acordo com o artigo publicado no European Journal of Neuroscience, os três eram velhos para sua espécie e apresentavam três características da doença de Alzheimer em humanos. Níveis anormais da proteína beta-amilóide se acumularam em placas que interrompem os neurônios no cérebro, outra proteína chamada tau se reuniu em emaranhados dentro dos neurônios e houve um acúmulo de células gliais, que causam inflamação do cérebro.

O patologista e principal pesquisador, Mark Dagleish, da Universidade de Glasgow, disse que não era possível confirmar se esse dano causaria os mesmos déficits cognitivos associados ao Alzheimer nas pessoas. Para determinar se os golfinhos e as baleias tinham Alzheimer, seria necessário também estudar os animais individualmente quando estavam vivos.

Baleias-piloto: viver anos após deixarem de ser reprodutivamente ativos pode ser uma das razões da doença

“Embora seja tentador nesta fase especular que a presença dessas lesões cerebrais em odontocetos indica que eles também podem sofrer com os déficits cognitivos associados à doença de Alzheimer humana, mais pesquisas devem ser feitas para entender melhor o que está acontecendo com esses animais”, afirma ele, em entrevista ao The Guardian.

Uma possível razão para as baleias e os golfinhos apresentarem lesões cerebrais semelhantes ao Alzheimer é que, como os humanos, mas ao contrário de muitos outros animais, eles podem viver muitos anos depois de deixarem de ser reprodutivamente ativos.

Outra causa possível foi sugerida por um estudo de 2020 que descobriu que as baleias bicudas de mergulho profundo são mais suscetíveis a patologias semelhantes ao Alzheimer por causa da hipóxia – baixos níveis de oxigênio nos tecidos do corpo – causada por sua alimentação no oceano profundo.

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