Cápsulas de café são menos ‘vilãs’ que a cafeteira tradicional ou outros preparos, diz estudo

Vitor Paiva  • Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Se as cápsulas funcionam como uma opção saborosa e rápida para o preparo da café, por outro lado a reputação ecológica dos recipientes de plástico e metal é a pior possível. Elas são apontadas como um resíduo prejudicial ao meio ambiente, difíceis de serem recicladas e capazes de levar até 400 anos para se decompor na natureza. Uma nova pesquisa, no entanto, coloca o impacto das cápsulas em perspectiva, ao sugerir que, de modo geral, elas podem ser menos nocivas à natureza do que o preparo de café feito em uma cafeteira ou através de outros métodos tradicionais.

Segundo a pesquisa, as cápsulas têm a pior fama, mas não são o método mais poluente de preparo

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Ao invés de focar exclusivamente no fim do processo de preparo, e calcular o impacto ambiental somente pelo resíduo, o estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Quebec, no Canadá, mediu quão nocivo é o processo como um todo, desde a produção dos grãos até a quantidade de lixo despejados em lixos e aterros. Assim, a pesquisa calculou o total de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) produzido a cada 280 mililitros de café entre os diferentes métodos de preparo – e surpreendentemente concluiu que as cápsulas entram em terceiro lugar na lista final dos mais poluentes.

O café feito de forma tradicional com filtro e água fervente foi medido como o mais poluente

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De acordo com estudo, o café filtrado tradicional é o método que mais emite GEE, por conta da grande quantidade de pó exigida por xícara, bem como pela energia consumida para aquecer a água. Por motivos semelhantes, o preparo com a prensa francesa ocupou a segunda colocação: as cápsulas foram apontadas como a terceira forma mais poluente, especialmente pela menor quantidade de café no interior de cada unidade ser controlada, economizando cerca de 11 a 13 gramas e evitando o desperdício e o consumo excessivo. “A fase agrícola é a mais poluente”, explicou Luciano Rodrigues Viana, um dos autores da pesquisa.

A parte mais poluente do processo de feitura é a produção agrícola do café

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A conclusão é relevante por se tratar da bebida mais consumida no mundo: estimativas sugerem que cerca de 2 bilhões de xícaras de café são consumidas todos os dias no planeta. Assim, apesar do plástico e do alumínio nas cápsulas, e do consumo de energia durante a fabricação, o impacto do preparo do grão e do café propriamente é superior. Para Viana, uma alternativa ambiental é reduzir o consumo diário de modo geral, e evitar desperdícios. “Não acho que as cápsulas sejam uma solução milagrosa”, apontou Viana, em reportagem da BBC. “Mas esse é um bom exemplo que ilustra nossos vieses cognitivos.”

Menos popular, o método que emite a menor quantidade de gases poluentes é o café instantâneo

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“As cápsulas reutilizáveis, se usadas por muito tempo, são uma solução para reduzir a quantidade de resíduos”, acrescentou o cientista. Por utilizar menos matéria-prima, o café instantâneo foi apontado como o preparo mais ecológico: da mesma forma, por consumir menos energia, as chaleiras são mais recomendadas no lugar das cafeteiras elétricas populares.