Ciência

E se rodas de hamster fossem instaladas na natureza? Cientistas realizaram esse curioso experimento

10 • 01 • 2023 às 15:55 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

O que pode acontecer se algumas daquelas rodas de exercícios colocadas em gaiolas de hamsters forem posicionadas na natureza, acessíveis para roedores e outros animais fora de nossas casas? Foi partindo dessa curiosa premissa que dois pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Leiden, na Holanda, instalaram duas rodas semelhantes ao ar livre, para registrar qual seria a interação de animais selvagens com elas. Uma unidade foi colocada numa duna isolada; e outra, escondida entre arbustos em uma área de vegetação próxima a um centro urbano.

As rodas costumam ser usadas para testes de metabolismo dos animais em laboratórios

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O estudo foi realizado por Johnanna H. Meijer e Yuri Robbers entre 2009 e 2013, quando mais de 200 mil gravações em vídeo registraram a interação de animais com as duas gaiolas, que foram instaladas abertas, com um prato de comida em seu interior, ao lado de duas rodas de 24 centímetros de diâmetro. A escolha dos locais não foi aleatória, selecionando pontos em que houvesse roedores no entorno, mas sem a presença de humanos.

Inicialmente as rodas foram posicionadas dentro de gaiolas ao lado de pratos de comida

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A ideia era compreender se os animais se engajariam em tais exercícios fora das casas ou dos laboratórios, e se também rodariam em liberdade – e a pesquisa sugere que sim. Ao longo dos primeiros 24 meses do experimento, entre os 1.011 movimentos da roda registrados na área urbana, e 254 na duna, 70% foram provocados por roedores que subiram à roda, além de alguns sapos, caramujos e lesmas que também “brincaram” no equipamento.

As rodas foram posicionadas em locais que não contam com a presença humana - e têm ratos

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De acordo com o estudo, em 20% dos casos observados os roedores correram por mais de 60 segundos – um deles permaneceu na roda por incríveis 18 minutos. Em dado momento do experimento, o prato de comida foi retirado da gaiola, para descobrir até que ponto a adesão dos animais era realmente voluntária – e, mesmo sem o alimento, os ratos continuaram a subir na roda para correr. Curiosamente, na maioria dos casos, a velocidade dos animais na natureza foi menor do que a costumeiramente alcançada em laboratório.

Os registros mostraram muitos roedores nas rodas, mas também outros animais, como sapos

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“A observação mostrou que os ratos selvagens correm nas rodas ao longo do ano, mas especialmente na parte final da primavera, alcançado o auge no verão na área verde urbana”, diz o texto do estudo. “Alguns animais parecem ter usado a roda de forma não intencional, mas ratos e outros roedores, assim como sapos, foram vistos saindo da roda e depois voltando a ela, após alguns minutos, para seguir correndo”. Nesses casos, segundo a pesquisa, o uso foi considerado intencional, funcionando como uma recompensa pelo alimento, mas também como uma brincadeira, um escape e um exercício estimulante para o sistema metabólico dos animais.

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© foto 1: Getty Images

© fotos 2, 3, 4: Universidade de Leiden/Reprodução


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