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Goshiwon: Brasileiros dividem sensação de viver nos apartamentos de 3m² da Coreia do Sul

18 • 01 • 2023 às 12:07
Atualizada em 18 • 01 • 2023 às 12:10
Yuri Ferreira
Yuri Ferreira   Redator É jornalista paulistano e quase-cientista social. É formado pela Escola de Jornalismo da Énois e conclui graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Já publicou em veículos como The Guardian, The Intercept, UOL, Vice, Carta e hoje atua como redator aqui no Hypeness desde o ano de 2019. Também atua como produtor cultural, estuda programação e tem três gatos.

Seul é a cidade mais rica da Coreia do Sul. o terceiro país mais caro da Ásia Oriental, apenas atrás do Japão e de Singapura. Portanto, morar lá não é barato.

É daí que surgiram os Goshiwon. Esse é o nome em coreano dado a pequenos apartamentos, com cerca de 3 m², que são a forma mais barata de morar na capital sul coreana.

Influenciadora brasileira Thais Midori relatou sua experiência morando em mini-apartamento, os goshiwon

Com preços de aluguel altíssimos, esses locais foram criados como residências para universitários, mas acabaram se expandindo para trabalhadores que não têm renda suficiente para custear uma residência maior.

Segundo a empresa de mobilidade global ECA International, Seul é a 10ª cidade mais cara para se morar no planeta. Já nos cálculos do site Expatitan, a capital fica em 2º lugar no ranking da Ásia Oriental em custo de vida.

Mas nos goshiwon, o preço se reduz. Paga-se  algo entre 250 e 400 dólares por mês. A BBC Brasil conversou com duas brasileiras que já moraram e que moram nesse tipo de residência.

Uma é Amanda Gomes, cearense de 30 anos. A outra é Thais Midori, de 27 anos. Ambas são influenciadoras digital e moram em Seul. Elas já conseguiram sair dos quartos, mas não tem boas lembranças da estadia.

Os principais problemas estão no clima, mas podem estar também na convivência com outras pessoas. Para cozinhar e lavar roupa, existem cozinhas e lavanderias compartilhadas. Os banheiros são minúsculos.

“Eu não podia tomar banho quente nem no inverno porque o quarto ficava todo úmido. Mesmo se eu abrisse a janela não batia vento. O ar não sai. No verão é muito quente. Tinha uma vizinha de Manaus que não conseguia acreditar. É um ar quente que fica em volta de você o tempo todo. Já no frio, eu tinha cobertor elétrico”, explicou Thais ao veículo britânico.

Prédio de goshiwons no centro de Seul; mini-apartamentos são sintoma de especulação imobiliária, que joga famílias nos porões de Seul

“Realmente não vejo quem more lá porque quer morar, e sim por razões financeiras. Eu, naquela época, era tranquila e não tinha condições financeiras. Se Deus quiser não volto mais a morar lá, já que é bem desconfortável, você ouve tudo e não tem privacidade. Dá para ouvir as pessoas conversando e brigando”, explica Amanda.

A especulação imobiliária em Seul é o ponto de partida do filme ‘Parasita‘, que relata a história de uma família que mora em um porão na periferia da cidade.

Leia também: Como é a vida nos minúsculos apartamentos de 3m² da Coreia do Sul

 

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Fotos: Destaques: Wikimedia Commons Foto 1: Reprodução/Arquivo Pessoal/Thais Midori


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