Ciência

Pesquisa conclui que insetos podem sentir dor

05 • 01 • 2023 às 09:00 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Trilhões de insetos morrem anualmente pelo efeito de pesticidas e de produtos químicos, mas também para ser usado como alimentação e ração animal ou pela ação direta humana. Segundo nova pesquisa, porém, esse verdadeiro massacre pode ser – literalmente – mais doloroso do que antes se pensava. O levantamento realizado por cientistas ingleses e publicado no site The Conversation trabalhou com mais de 300 estudos científicos prévios, e concluiu que ao menos alguns insetos de fato sentem dor, de forma semelhante aos seres humanos e a outros animais.

Os zangões foram objeto de estudo próprio realizado pelos cientistas ingleses sobre dor

Os zangões foram objeto de estudo próprio realizado pelos cientistas ingleses sobre dor

-500 milhões de abelhas morrem no Brasil, e os agrotóxicos podem ser causa

Além de trabalhar com pesquisas realizadas anteriormente, o novo levantamento realizou um estudo próprio com zangões reagindo a estímulos possivelmente dolorosos e alcançando a mesma conclusão. Apesar da especial dificuldade em determinar a experiência da dor entre animais que não se comunicam por meio da fala, a maioria dos estudos trabalhou com a reação dos insetos diante, por exemplo, de estímulos de calor excessivo, para concluir que abelhas, zangões e outros animais evitavam as temperaturas mais altas como um dos indicadores.

O estudo encontrou especial dificuldade de determinar especificamente a dor nos insetos

O estudo encontrou especial dificuldade de determinar especificamente a dor nos insetos

-A rara condição genética que torna as pessoas imunes à dor

“Os pesticidas matam trilhões de insetos selvagens a cada ano. A verdadeira causa da morte costuma ser paralisia, asfixia ou dissolução dos órgãos internos, às vezes durante vários dias”, diz o artigo. Para além da conscientização a respeito dos insetos, a conclusão pode alterar regulamentos e legislações principalmente no Reino Unido, país que protege animais a partir justamente da evidência de dor. “Nossas descobertas são importantes porque a evidência de dor em insetos é aproximadamente equivalente à evidência de dor em outros animais que já estão protegidos pela lei do Reino Unido”, afirmam os cientistas.

As formigas estão entre os milhões de insetos que morrem anualmente por pesticidas

As formigas estão entre os milhões de insetos que morrem anualmente por pesticidas

-Besouro escorpião que pica e é venenoso é encontrado no Brasil

O levantamento foi realizado por Matilda Gibbonsé, da Queen Mary University of London, André Crump, da London School of Economics and Political Science, e Lars Chittk, da Queen Mary University of London. “Proteger os insetos sob esta lei, como os polvos já são, regularia a pesquisa desses animais, reduzindo o número de insetos testados e garantindo que os experimentos tenham uma forte fundamentação científica”, diz o texto.

“Finalmente, os pesticidas são uma grande preocupação para o bem-estar dos insetos selvagens. Recomendamos o desenvolvimento de pesticidas mais humanos, que matam os insetos mais rapidamente e minimizam seu sofrimento”, conclui.

Casal de moscas realizando a cópula durante o voo

Casal de moscas realizando a cópula durante o voo

Publicidade

© fotos: Wikimedia Commons


Canais Especiais Hypeness