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‘Rolling Stone’ inclui Caetano, Gal e João Gilberto entre 200 melhores cantores da história; Elis fica de fora

04 • 01 • 2023 às 15:48
Atualizada em 05 • 01 • 2023 às 10:26
Adriana Del Ré
Adriana Del Ré   Redatora Adriana Del Ré é jornalista especializada na área de cultura e entretenimento. Formada pela PUC-SP, foi repórter, subeditora e editora no jornal O Estado de S. Paulo. Colaborou também para Rolling Stone, UOL, portal da CNN e Valor Econômico, entre outros veículos.

A revista Rolling Stone americana iniciou o ano divulgando sua lista dos 200 melhores cantores da história. O ranking, liderado por Aretha Franklin, destaca três brasileiros: Caetano Veloso, Gal Costa e João Gilberto.

A lista reúne ainda outros grandes nomes da música mundial: de Billie Eilish, Kelly Clarkson e Jung Kook (do BTS) a Fela Kuti, Iggy Pop, Debbie Harry, Mercedes Sosa e Frank Sinatra, passando por Lana Del Rey, Beyoncé, Whitney Houston e Mariah Carey.

A cantora Gal Costa

Segundo a revista, que publicou pela primeira vez sua lista dos 100 maiores cantores em 2008, o novo ranking foi elaborado pela equipe da publicação e também por seus principais colaboradores, e abrange 100 anos de música pop “como uma conversa global contínua, em que o icônico cantor de playback indiano Lata Mangeshkar pousa entre Amy Winehouse e Johnny Cash, e a rainha da salsa Celia Cruz está lá em cima na classificação com Prince e Marvin Gaye”.

Trio nacional

Entre o trio nacional, João Gilberto (1931-2019) ocupa a melhor posição, em 81.º lugar, definido pelo jornalista argentino Ernesto Lechner como “um mestre da sutileza cosmopolitana”, que “murmurava e sussurrava com uma facilidade que fazia cada canção parecer uma reunião casual de amigos. Esse estilo – com sua poesia e calor– era uma combinação perfeita com a narrativa da bossa de contemplar a vida na praia de Copacabana”.

João Gilberto, um dos principais mentores da bossa nova

Por coincidência, João Gilberto era uma grande referência musical para Gal Costa, que também figura na lista, na 90.ª posição. Gal, que morreu no ano passado, é outro nome analisado pelo jornalista argentino. “Em 1971, Gal Costa gravou “Sua Estupidez”, uma balada melosa do crooner pop Roberto Carlos, e a transformou em uma declaração devastadora de beleza e arrependimento. Assim era o poder transformador de sua voz”, escreveu.

Enquanto isso, Caetano Veloso, que aparece em 108.º lugar, é descrito pelo norte-americano Michaelangelo Matos como “o maior cantor e compositor do Brasil, um equivalente de Bob Dylan criado em casa, um roqueiro revolucionário com uma inclinação literária pesada”. “Caetano Veloso é um mestre, sua voz aveludada e sua inteligência palpável se destacando até mesmo –e especialmente– quando ele está relaxado e murmurando”, afirma.

Toda lista é controversa

Certamente, são três grandes nomes da música brasileira, mas a dúvida que fica é: todos eles seriam escolhas acertadas quando a lista foi feita especialmente para eleger cantores? Não teríamos outros grandes representantes nesse quesito, como Elis Regina, Milton Nascimento, Elza Soares e Maria Bethânia, que têm a voz como seu principal instrumento musical?

A escolha de Gal é incontestável, porque ela é uma das maiores cantoras brasileiras.

O cantor e compositor Caetano Veloso

Já a inclusão na lista de João Gilberto, um dos grandes mentores da bossa nova, deve ser mais considerada sob a ótica de sua importância em abrir frente para cantores que não seguiam a escola de nomes como Orlando Silva e Angela Maria, com suas vozes potentes e dramáticas. João sedimentou um estilo de intérprete que canta baixinho.

Enquanto isso, Caetano Veloso é inegavelmente um dos nossos maiores compositores, mas sua versão cantor surge para interpretar a própria obra e eventualmente outros compositores. No seu caso, entrar numa lista de maiores compositores mundiais seria legítimo, mas, como cantor, certamente teríamos outros nomes mais emblemáticos.

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