Ciência

Startup irá treinar abelhas para melhorar a polinização e a produção de café através do olfato

19 • 01 • 2023 às 12:10 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Reconhecidas como os seres vivos mais importantes do planeta, as abelhas possuem inteligência e memória afetiva similares às dos cães – e, por isso, assim como nossos amigos de quatro patas, podem ser treinadas para farejar e reconhecer com precisão o aroma de uma determinada flor ou planta – como o café. É a partir desta premissa que o ecólogo João Marcelo Robazzi se juntou com a entomóloga Marcela Barbosa e a professora e pesquisadora Maria Imaculada Zucchi para fundar a startup PollinTech, que irá utilizar a habilidade olfativa das abelhas para melhorar a precisão da polinização e, assim, a produção do café.

A startup treinará abelhas para melhorar a polinização e, com isso, a produção e qualidade do café

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Segundo Robazzi, o objetivo da estratégia chamada de “polinização guiada” é aumentar a produção e a qualidade dos grãos, através do melhor reconhecimento das plantas certas pelos insetos durante o processo. “As abelhas usam sinais, como a cor e a fragrância, para encontrar e, consequentemente, polinizar flores. Esses sinais podem ser empregados para treiná-las em laboratório de modo que possam reconhecer mais facilmente culturas agrícolas-alvo quando suas colônias forem liberadas em lavouras e realizar a polinização de forma mais eficiente”, afirma o pesquisador.

O processo utiliza aromas artificiais para treinar as abelhas a escolher os melhores frutos de café

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O método de treinamento das abelhas africanizadas (Apis mellifera) foi criado através de um projeto que recebeu suporte do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, que desenvolveu biomoléculas sintéticas a partir de odores artificiais, reconhecidas pelos animais como perfume floral do café natural. De acordo com Robazzi, que é especialista no treinamento dos insetos, o método é capaz de promover um aumento na taxa de polinização, ampliando a qualidade dos frutos e a produtividade do cultivo em mais de 18%.

As projeções da startup sugerem um aumento de mais de 18% na produtividade com o método

As projeções da startup sugerem um aumento de mais de 18% na produtividade com o método

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“As abelhas identificaram nossa mistura como o odor da flor natural. Ao serem expostas a essa biomolécula sintética em laboratório, elas saberão qual cheiro deverão procurar quando forem liberadas em campo. Dessa forma, os eventos de polinização deverão ser maiores”, afirmou a entomóloga Marcela Barbosa, em matéria publicada no site da FAPESP. “Acreditamos que, no futuro, a comercialização da solução que desenvolvemos deve envolver um trabalho de conscientização e aprendizado por parte dos nossos clientes sobre a importância da polinização na cafeicultura”, concluiu Robazzi.

O projeto trabalha com o treinamento das abelhas africanizadas, da espécie "Apis mellifera"

O projeto trabalha com o treinamento das abelhas africanizadas, da espécie “Apis mellifera”

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