Ciência

Detalhes do fóssil ‘parente’ de crocodilo de 200 milhões de anos descoberto na Inglaterra

02 • 02 • 2023 às 14:41 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Um fóssil de um “parente” ancestral do crocodilo moderno foi encontrado na região da Costa Jurássica, em Dorset, na Inglaterra, com boa parte de seus membros intactos, encaixando, assim, mais uma peça do quebra-cabeças da vida animal pré-histórica. Intitulado Turnersuchus hingleyae, a espécie foi descoberta em 2017, mas alguns detalhes foram finalmente revelados, publicados na revista científica  Journal of Vertebrate Paleontology. o fóssil representa um novo gênero e uma nova espécie de Thalattosuchia, se encontra atualmente em exibição no Lyme Regis Museum, em Dorset, e pode recalcular a cronologia do surgimento dos crocodilomorfos.

Reconstrução artística da aparência do Turnersuchus hingleyae, espécie de crocodilo marinho

Reconstrução artística da aparência do Turnersuchus hingleyae, espécie de crocodilo marinho

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Tendo vivido há cerca de 185 milhões de anos, trata-se do único registro encontrado até hoje de um animal da idade Pliensbaquiana, dentro do período Jurássico da Era Mesozoica. A descoberta preenche uma lacuna nos registros fósseis, revelando que a espécie, um tipo de crocodilomorfo marinho, teria se originado cerca de 15 milhões de anos antes do que se pensava. Ainda que sejam coloquialmente chamados de “crocodilos”, os Thalattosuchia são parentes distantes que não pertencem à mesma ordem, visto que crocodilos e jacarés são da ordem Crocodilia.

Os cinco blocos de fósseis e ainda peças isoladas encontradas na região de Dorset, na Inglaterra

Os cinco blocos de fósseis e ainda peças isoladas encontradas na região de Dorset, na Inglaterra

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Diferentemente dos crocodilos atuais, esse predador de cerca de 2 metros vivia somente em hábitats marinhos costeiros. “Até a descoberta do Turnersuchus hingleyae, essa linhagem fantasma se estendia do fim do Triássico até o Toarciano, no Jurássico, mas agora podemos reduzir essa linhagem fantasma em alguns milhões de anos”. afirmou Eric Wilberg, um dos autores do estudo. “Agora devemos esperar encontrar mais [répteis da ordem] Thalattosuchia da mesma idade que Turnersuchus [hingleyae] , bem como mais velhos”.

A descoberta preenche um hiato histórico, reconhecido como uma "linhagem fantasma"

A descoberta preenche um hiato histórico, reconhecido como uma “linhagem fantasma”

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Enquanto, ao longo do processo evolutivo, os Thalattosuchia se adaptaram à vida nos oceanos, com membros curtos tornados em nadadeiras e uma barbatana caudal similar a de um tubarão, o Turnersuchus possuía um focinho longo e fino, e é provável que diversas características particulares dos Thalattosuchia ainda não tivessem evoluído completamente no período. Semelhante aos crocodilos atuais, porém, é provável que a região supratemporal do Turnersuchus hingleyae tivesse uma função termorreguladora, capaz de ajudar a reduzir a temperatura do cérebro.

Rocha pré-histórica na "Costa Jurássica", em Dorset, na Inglaterra, onde o fóssil foi encontraddo

Rocha na “Costa Jurássica”, em Dorset, na Inglaterra, onde muitos fósseis são encontrados

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© arte 1: Júlia d'Oliveira/divulgação

© fotos 1, 2: Journal of Vertebrate Paleontology/reprodução

© foto 3: Wikimedia Commons


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