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Poodle: por que o cão tão popular nos anos 90 praticamente desapareceu?

06 • 02 • 2023 às 14:58 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Entre os anos 1990 e o início dos anos 2000, o poodle era uma raça tão popular que o cão era quase um membro infalível da família brasileira: com os anos, porém, esses simpáticos animais começaram a desaparecer, e hoje as buscas são raras, e a maioria dos animais que resistem são idosos. Segundo levantamento de uma reportagem da BBC, 1997 foi o auge da popularidade dos poodles, quando cerca de 3.200 cachorros da raça foram registrados na Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC): em 2022, o número caiu 85%, chegando a apenas 501.

A popularidade dos poodles nos anos 90 levaram a raça à reprodução desordenada que prejudicou o animal

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A reportagem mostra que, de acordo com senso realizado anualmente pela plataforma de hospedagem para animais DogHero e a petshop eletrônica Petlove, os poodles representam atualmente 5% dos cães cadastrados, atrás de shih-tzus, yorkshires e dos vira-latas.

A pesquisa revela que, em 2021, 62% dos poodles cadastrados tinham 15 anos de idade ou mais: eram, portanto, animais idosos. Curiosamente, a própria popularidade levou a raça ao sumiço atual – em processo que acontece com a maioria das linhagens que se tornam populares.

Atualmente, boa parte dos poodles são animais idosos

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O tamanho, a inteligência, a aparência e o afeto levaram o animal à popularidade do período. O aumento na busca por uma raça, porém, provoca um crescimento inevitável nas criações e, com isso, reproduções sem maiores controles, critérios, cuidados ou estudos começaram a alterar de forma cruel o próprio animal.

Em busca de lucro e para responder à demanda, reprodutores começaram a cruzar os animais entre familiares ou, no caso dos poodles, cães pequenos com outros ainda menores para alcançar os tamanhos reduzidos que então eram moda: o resultado foi o nascimento de animais com severos problemas de saúde.

A raça possui cachorros de tamanhos diversos: os menores, porém, se tornaram os mais populares

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Assim, tornou-se comum que o poodle apresentasse doenças ósseas, convulsões, problemas na arcada dentária, além da chamada “lágrima ácida”, que escurece a região ao redor do olho do animal. Com isso, a raça ganhou fama de “problemática” e, aos poucos, a “moda” foi passando.

Segundo os criadores, o momento atual, no entanto, é de melhoria: a redução na demanda fez com que a criação retomasse critérios rigorosos e, por se tratar de um animal carinhoso, atento e obediente, os poodles vem sendo cada vez mais utilizados como companhia, por exemplo, para crianças com autismo e acompanhamentos terapêuticos.

A inteligência, obediência e o temperamento carinhoso fazem do poodle um ótimo cão terapeuta

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© fotos: Getty Images


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