Ciência

Rosto de menino neandertal de mais de 40 mil anos é recriado digitalmente por cientistas

02 • 02 • 2023 às 13:07 Vitor Paiva
Vitor Paiva   Redator Vitor Paiva é jornalista, escritor, pesquisador e músico. Nascido no Rio de Janeiro, é Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Trabalhou em diversas publicações desde o início dos anos 2000, escrevendo especialmente sobre música, literatura, contracultura e história da arte.

Dentro de uma caverna na região onde hoje fica o Cazaquistão, um menino de cabelos cheios e feição doce faleceu com 8 ou 9 anos de idade – e lá permaneceu por dezenas ou mesmo centenas de milhares de anos até ter seus restos mortais descobertos por arqueólogos, em 1938. Recentemente, cientistas da Universidade de Jilin, na cidade chinesa de Changchun, e da Universidade Estadual de Moscou partiram do crânio do garoto que morreu entre 300 mil e 40 mil anos atrás para reconstruir pela primeira vez em modelo digital 3D o rosto de um menino neandertal.

A reconstrução facial foi realizada por cientistas da Universidade de Jilin e da Universidade Estadual de Moscou

A reconstrução facial foi realizada pela Universidade de Jilin e da Universidade de Moscou

-Dupla reconstrói precisamente a aparência dos primeiros humanos

Para realizar a reconstrução digital, a equipe realizou uma varredura do fóssil, para preencher as partes que faltavam no crânio, sobrepondo com músculos, peles e características faciais desenhadas digitalmente. Com a idade que faleceu, o menino já tinha características peculiares aos neandertais, como rosto e um nariz grandes e um crânio baixo e longo: a imagem revela uma feição com nariz afundado e arrebitado, e olhos castanhos profundos.

O crânio foi descoberto em 1938, fragmentado em cerca de 150 partes, e sem o queixo

O crânio foi descoberto em 1938, fragmentado em cerca de 150 partes, e sem o queixo

-Egípcia que viveu no século 7 a.C. tem face reconstruída em 3D 

“O resultado não apenas mostra vividamente a morfologia facial de humanos pré-históricos na Eurásia, mas também fornece uma nova maneira de estudar e exibir as características morfológicas dos neandertais e suas adaptações ambientais”, afirmou Zhang Quanchao, chefe da equipe da Universidade de Jilin. “Fósseis de neandertais, um parente extinto dos humanos modernos, foram descobertos pela primeira vez no Vale do Neandertal, na Alemanha, e já foram amplamente distribuídos pela Eurásia”, disse Quanchao, a respeito da presença dos hominídeos a leste da Ásia Central.

Detalhe da caverna Teshik-Tash, na cordilheira Bajsuntau, ao sul do Cazaquistão,

Detalhe da caverna Teshik-Tash, na cordilheira Bajsuntau, ao sul do Cazaquistão

-Mulher que viveu há 14 mil anos teve restos mortais encontrados em caverna

A caixa craniana foi descoberta em 1938 dentro de um poço raso na caverna Teshik-Tash, na cordilheira Bajsuntau, ao sul do Cazaquistão, e apelidada com o nome da caverna. Junto aos restos do menino, foram descobertos chifres de um tipo de bode chamado íbex- siberiano, bem como esqueletos de pássaros, indicando que a criança foi enterrada em um ritual. O rosto do menino foi reconstruído digitalmente a partir de cerca de 150 fragmentos ósseos, que formam o primeiro fóssil de neandertal encontrado na Ásia, e o único crânio asiático completo preservado já encontrado.

O crânio foi o primeiro fóssil de neandertal encontrado na Ásia e o único completo até agora

O crânio foi o primeiro fóssil de neandertal encontrado na Ásia e o único completo até agora

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© foto 1: Xinhua

© fotos 2, 3, 4: Wikimedia Commons


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